Não acho muito adequado contrapor a
mitologia, sobretudo a grega, com o discurso da história , como se aquela fosse
uma deturpação desta. Na verdade, a mitologia não é um discurso histórico, ela
é uma fabulação simbólica e, enquanto, pertence à filosofia, não à história. Inclusive, todo bom livro de
Introdução à Filosofia tem a mitologia como seu capítulo inicial. Os
pré-socráticos, por exemplo, evocam as Musas e expressam suas filosofias sob a forma de poema. Mesmo a
filosofia tendo abandonado a forma do
poema, ela nunca abandonou a poesia e a simbologia, como se vê em Plotino,
Nietzsche, Nicolau de Cusa e tantos outros. Quando os simpatizantes do bozo o
chamam de “mito”, esse sentido de “mito” nada tem a ver com o sentido grego,
pois o “mito” que eles usam vem do verbo “mitar”, um neologismo nascido nas
redes sociais . “Mitar” significa “ser o primeiro” ou “liderar”, mesmo que seja
o primeiro dos tolos liderando um grupo
de tolos.
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