Foram os gregos que
criaram a noção de virtude. A virtude é um tema no qual política, ética e
educação misturam suas fronteiras. A
palavra “virtude” aparece pela primeira vez no poeta Homero. “Virtude” vem de “vis”: “força”. Não a força física, mas a “força em
potencial” que nasce da corda tensa do arco. A virtude, tal como o arco tenso,
é uma força que sempre impulsiona para frente: o arco impulsiona flechas, a alma virtuosa tem força para lançar
longe suas ações ou palavras, educando pelo exemplo. O contrário da virtude
é o “vício”: enquanto a virtude fortalece o caráter ( “ethos”) , o
vício o enfraquece e corrompe. Os vícios são de duas espécies: ora ele é a ânsia
de acúmulo, como na ganância, ora ele é
carência ou falta, como na covardia. A virtude,
não importa qual, é a “justa distância” entre a falta e o acúmulo. Por exemplo,
o pensar é uma virtude. Mas a pretensão de se achar conhecedor de tudo gera o “sofista”, que só na aparência parece
um pensador. O sofista tem o vício de acumular
retóricas como o banqueiro egoísta que acumula capital: a serviço da ganância
egoica. O pensar, ao contrário, é sempre produtivo e se partilha generosamente,
potencializando o coletivo. O vício da falta de pensamento se chama “ignorância
cheia de si”, e que nada tem a ver com a
ausência de estudos de quem não teve a
oportunidade de ir à escola , porém se esforça para compreender o mundo. A
“ignorância cheia de si” nada sabe do esforço que envolve o autêntico aprender
e vive a vociferar opinião rasteira e intolerante sobre
tudo, além de não saber ouvir quem pensa diferente . As redes sociais deram voz e voto a tal
ignorância, e o resultado todos estamos vendo: há uma estranha cumplicidade
entre os dois tipos de vícios no ódio ao
pensar libertário, de tal modo que a “ignorância
cheia de si” demoniza o pensar e
cultua “Gurus-Sofistas” ( como o Olavo...). A
“ignorância cheia de si” deste governo é
uma séria ameaça ao pensamento e ao seu
despertar na educação das crianças.
( foto: um dos momentos
da “Aula Magna” , praticamente às moscas, do ministro da educação , que passa
boa parte da “aula” demonizando o
“anarquismo”)