O deslimite pode ser compreendido como um processo ao mesmo tempo estético e existencial, no qual vida e poesia se mostram como as duas faces de uma mesma Vida a qual não se pode impor uma forma ou limite . Esta Vida somente se deixa apreender em uma experiência de devir. O devir não é uma forma ou algo de determinado, mas um processo no qual os seres atingem seus deslimites (conforme veremos ao longo do estudo) .
Atingir o deslimite não significa destruir-se ou negar-se. Ao contrário, é o limite que destrói a invenção que se pode e se deseja. O deslimite , portanto, é uma experiência com a Vida, e não com a morte ( nos vários sentidos que essa palavra pode ter).
Embora seja uma experiência eminentemente poética, isso não significa que ela seja suscitada apenas pela leitura de poesia. A essência de tal experiência é exatamente nos ensinar a alargar a compreensão do que seja poesia, como faz Manoel de Barros, para que a vejamos em todas as coisas que, rompendo seus limites, deixam ver a Vida.
No poema “Achadouros” , Manoel de Barros nos fala de uma senhora, a "negra Pombada, remanescente
de escravos do Recife", que contava
aos meninos sobre Corumbá ter “achadouros” , que eram buracos feitos pelos
holandeses em seus quintais para
esconder suas moedas de ouro, antes de fugirem apressadamente do Brasil.
Durante muito tempo em Corumbá, movidos pelo desejo de encontrar tais tesouros,
os homens escavaram quintais para ver se
ali achavam ouro.O poeta é aquele que busca os achadouros também, mas o tesouro
que ele deseja é outro : ele escava o ordinário e ali acha o extraordinário;
ele escava o habitual e neste acha o incomum; ele cava em si mesmo e dentro de
si ele acha o mundo ainda por descobrir. Ele acha, em meio ao barro, ao húmus,
ele acha/inventa o ouro de uma vida da qual nunca cessam os inauguramentos.
Nietzsche dizia que o novo sempre
é novo, o estabelecido sempre o foi.É uma ilusão nascida da idéia de progresso (
e que faz par com a idéia de decadência) supor que o que hoje é estabelecido um
dia foi novo, ou o que hoje é novo um dia será o estabelecido. O novo sempre
foi, é e será novo. Ele antecede, sucede e é coetâneo a si mesmo, como
metamorfose. A infância não é apenas
uma época passada reportada a uma fase
da vida, a infância é "semente da
palavra". Aquilo que é realmente
novo, sempre o foi e será; por outro lado, aquilo que é o estabelecido, o
"acostumado" ( diria o poeta), sempre o foi e o será também. O novo nunca
será o estabelecido, e o estabelecido nunca foi , outrora, o novo.É uma ilusão
nascida do tempo concebido linearmente
supor que o novo hoje será, amanhã, o estabelecido; ou que o estabelecido hoje
foi, ontem, o novo. Essa ilusão escamoteia um pré-julgamento: o que faz do
estabelecido o critério para conhecer o novo. O estabelecido é a gramática, o
"saber em tomos", a "expressão reta"; o novo é a agramática, a ignorãça, a
infância da palavra, o feto dos nomes. O novo nunca é território: ele é
sempre agente de desterritorializações.Os objetos viram sucatas: "Vi que
tudo o que o homem fabrica vira sucata: bicicleta, avião, automóvel (...).Até
nave espacial vira sucata" (2010b, p. 71). Todavia, os desobjetos
poéticos são sempre fontes de invenção, e esta nunca vira sucata.
A importância de uma coisa não se mede com fita métrica nem
com balanças nem com barômetros etc. (...) A importância de uma coisa
há que ser medida pelo encantamento que a coisa produza em nós.
Manoel de Barros
“Não sou biografável”, disse certa vez Manoel de Barros. E nos confessa ele ainda que suas memórias são inventadas.Sem dúvida, é difícil capturá-lo em uma apresentação biográfica habitual, pois ele se aloja em uma região imperceptível aos olhos daqueles que só percebem o já visto, o etiquetado.
Ser imperceptível não é ser invisível. A imperceptibilidade é a maneira de ser daqueles que, como diz Deleuze, emprestam seus nomes para assinar acontecimentos, idéias, sensações. Ser imperceptível é um caso de devir: devir imperceptível. Tornar-se imperceptível é pôr em questão os mecanismos que, de forma a priori, determinam a percepção, fazendo-a submeter-se a um já dado que nos cega diante daquilo que é diferente.
Quando o nome próprio conquista a potência de expressar acontecimentos e sentidos, despe-se da pessoa que até então designou , uma vez que aquele que o porta atinge a mais necessárias das artes: a de se tornar impessoal. “Palavra que eu uso me inclui nela” afirma Manoel de Barros. Para haver essa inclusão, esse devir, é preciso aquela arte. Assim, diz Deleuze a esse respeito, descobre-se “sob as aparentes pessoas a potência de um impessoal, que de modo algum é uma generalidade, mas uma singularidade no mais alto grau.” No poema intitulado “Ninguém”, Manoel de Barros escreve:
Falar a partir de ninguém faz comunhão com as árvores
Faz comunhão com as aves
Faz comunhão com as chuvas
Falar a partir de ninguém faz comunhão com os rios,
com os ventos, com o sol, com os sapos.
Falar a partir de ninguém
Faz comunhão com borra
Faz comunhão com os seres que incidem por andrajos.
Falar a partir de ninguém
Ensina a ver o sexo das nuvens
E ensina o sentido sonoro das palavras.
Falar a partir de ninguém
Faz comunhão com o começo do verbo.
Tornar-se impessoal, “Ninguém”, é conquistar o estatuto de um sujeito coletivo de enunciação: sua voz já não diz “eu” , mas “nós”. E neste “nós” inclui-se sobretudo o que não tem voz, mas que a poesia faz falar: “Queria ser a voz em que uma pedra fale”,uma voz que já não manifesta um eu pessoal :
Tenho abandonos por dentro e por fora.
Meu desnome é Antônio Ninguém.
Pela voz poética de Manoel de Barros também se tornam sujeitos,mas sujeitos larvares, uma quantidade infindável de seres: lagartixas, girinos, bocós,pedras que dão leite, patos atravessados de chuva, arames de prender horizonte,tudo aquilo que nos leva a coisa nenhuma... enfim, o que não se pode vender no mercado:“coisas se movendo ainda em larvas, antes de ser idéia ou pensamento”. Manoel de Barros nos diz ainda:
Quem atinge o valor do que não presta é, no mínimo,
Um sábio ou um poeta.
É no mínimo alguém que saiba dar cintilância aos
seres apagados.
Ou alguém que possa freqüentar o futuro das palavras.
Mais do que tudo, o que por sua voz fala é a própria língua que, despida da forma da gramática, “voa fora da asa”:
Em poesia que é voz de poeta, que é a voz de fazer
nascimento
O verbo tem que pegar delírio.
Este “fazer nascimento” referido pelo poeta inunda a poesia com a potência de um germe: na imanência deste, o verbo, como logos, liberta-se dos substantivos e das substâncias; devém ele próprio experimento com o sentido, e nos ensina: “Poesia é voar fora da asa”: “a poesia é a loucura da palavra”.
Isso
ninguém me contou. Eu estava lá e vi.Aconteceu no hall do 9ª andar da Uerj,
onde eu estudava, há uns 25 anos.O hall da Uerj era um espaço amplo, de tal modo que pôde ocorrer
ali uma encenação do Teatro do Oprimido, de Augusto Boal.O lugar estava cheio,
todo mundo sentado no chão. Havia ali estudantes de psicologia, de história, de
ciências sociais, de comunicação, de filosofia...
O
Teatro do Oprimido abolia palco e roteiros.Ele acontecia o mais próximo
possível da realidade concreta, e tentava romper o fosso entre o lugar da arte e aquilo que supomos ser
a realidade objetiva, “normal”. Sentados no chão, os estudantes formavam uma
grande roda, e foi no centro dessa roda que o próprio Augusto Boal entrou e fez
uma breve apresentação do que iria acontecer. O tema da peça era uma dona de
casa classe média cujo filho usava drogas. Ela, porém, desconhecia essa conduta
do filho. Então, o Boal nos explica que a cena que vai abrir a peça será o
filho entrando sorrateiramente no quarto da mãe para surrupiar um relógio caro
para ir trocá-lo por drogas. Depois ele nos diz que esse fato gerará uma
situação onde haverá um opressor e um oprimido, cujo desenlace a gente acompanharia.
O Boal se retira , a peça começa.
Vemos
o filho furtando o relógio. Na cena seguinte, a dona de casa entra no quarto e
se dá conta do furto.De imediato, ela chama pela empregada .No Teatro do
Oprimido o importante não era exatamente a caracterização do personagem ou a
fidelidade realística do cenário. O importante era a ideia, a questão a ser
mostrada.Talvez por isso, suponho, a atriz que fazia a empregada também
poderia, pelo seu tipo físico, fazer também a dona de casa. Mas havia algo que
marcava de forma clara a sua condição: ela portava uma vassoura. Os objetos
também portam valores, ideologias, divisões sociais. Os objetos também são
protagonistas. Um relógio de ouro, uma vassoura...Quantas coisas eles falam para
quem souber ouvir, um ouvir que também é um ver.
Mal
a empregada chega diante da patroa, esta toma por verdade uma mera suposição, e
começa a agredi-la verbalmente, após indagar acerca do relógio e obter como
resposta da empregada de que não o vira. Porém, a patroa não aceita a resposta,
não acredita nela e passa da suspeição à acusação explícita. Percebia-se que a
patroa era alguém que tinha formação universitária. Ela apresentava um repertório verbal acima da média, e não se
equivocava nas regras da gramática. Essa destreza com as palavras tornava a opressora mais cruel no emprego
delas como arma.
No
auge da violência verbal ( que encobria outras violências), entra o Boal e diz:
“parem a cena!”. Ele se dirige então à plateia e pergunta aos estudantes se
alguém gostaria de tomar o lugar do oprimido para dessa forma tentar vencer o
opressor. Logo apareceu uma prestativa candidata. Por coincidência, eu a
conhecia: era uma estudante de psicologia. Pelo seu ar confiante, parecia que
ela saberia rapidamente como dar o “xeque-mate” na patroa cruel e desumana. O
Boal a trouxe para a cena, perguntou-lhe o nome e o que ela estudava. Após
isso, ele pegou a vassoura que estava na mão da atriz que fazia a empregada e
passou à mão da estudante. Era apenas esse elemento material que indicava a
condição da personagem. Não havia avental, maquiagem ou outro elemento
identificador. A cena prosseguiria exatamente do ponto onde parou, nem antes e
nem depois. Como não havia roteiro, a estudante poderia interromper o fluxo
verbal da opressora quando quisesse. Pois bem, ela tentou fazer isso...De
acordo com sua formação, deu para ouvir que a estudante de psicologia estava se
apoiando na psicologia para se defender e , quem sabe depois, atacar.Porém não
deu tempo nem para a defesa, pois a atriz-patroa, extremamente hábil e
arrogante, pôs abaixo, com extrema facilidade, as referências psicanalíticas atrás das quais a aluna se escudava.Sentindo-se
derrotada, a própria aluna pediu para
parar, ela queria sair.
Boal
entrou em cena novamente ,pegou a vassoura da aluna-psicóloga e perguntou se
mais algum aluno queria lutar contra a opressora .Uma observação sobre a
opressora:ela não se apresentava como um monstro ou como alguém que de imediato
percebemos ser uma má pessoa. Ela tinha um tipo comum. Parecia uma pessoa “normal”,
que até mesmo tem amigas e que dá conselhos aos filhos e coisas semelhantes. Havia na personagem uma
tensão entre uma máscara e as sombras dessa máscara, atrás da qual estava o
preconceito e, também, o fascismo.Ela não era uma simples louca, parecia mais a
representação de uma ideologia que na última eleição também deu suas caras.
Dessa
vez, Boal teve que insistir um pouco mais no convite à participação.Um estudante, enfim, estendeu
a mão e levantou-se. Percebi que ele
estava com o Código Civil na mão. Tudo levava a crer que ele estudava Direito. No
palco ele confirmou essa minha impressão.Boal passou-lhe a vassoura, ele se
ajeitou .Boal deu a ordem para o recomeço.O garoto falava bem, tinha mais
habilidades argumentativas e retóricas do que a aluna anterior. Além disso, ele
também falava alto e com aparente segurança.Por um momento, parecia que ele
estava vencendo. Foi uma ilusão...No plano das ideias, ele ia bem.
Percebendo talvez isso, a atriz-patroa começou a fazer o que em retórica se
chama recurso “ad homini”, “contra o homem”. Quando um mau argumentador percebe
que no plano das ideias ou dos argumentos se sairá derrotado, ele passa então a
atacar a pessoa do seu oponente. Procura
por pontos fracos e os explora, tal como
a hiena que espreita o leão para ver se ele está com alguma ferida. E o garoto
tinha uma ferida: a pouca experiência em viver uma situação na qual ele era um
pobre . Ele era da mesma classe da opressora, isto se via.Ele se comportava
mais como um advogado, não como alguém que compreendia existencialmente o que é
ser oprimido.Ele ficou bastante tempo no papel, todavia também desistiu.Ele deu a
vassoura ao Boal e saiu vermelho e suando mais do que o normal.
O
diretor indagou se mais alguém queria lutar contra a opressão. Não a opressão
macro-política, aquela que identificamos às forças policiais do Estado, e sim a
opressão cotidiana, “invisível” à grande mídia, e que só conhece quem a sofre.
Houve um silêncio na plateia, ninguém se habilitava. Alguns conhecidos ao meu
lado olharam ironicamente para mim ( e havia um ar de desafio no olhar deles).
Mas
antes que eu pudesse reagir, virei-me para trás e vi a seguinte cena que quase
ninguém percebia que estava acontecendo paralelamente à cena do teatro: na
porta do banheiro feminino, espreitando tudo de forma discreta ( pois ela parecia não
queria chamar a atenção para si mesma, poderiam despedi-la por não estar
limpando o banheiro e sim vendo uma peça de teatro), na porta do banheiro
estava uma das faxineiras da Uerj. Era uma senhora negra, simples, já passando
dos sessenta anos. Ela estava prestando atenção em tudo, embora ninguém estivesse
prestando atenção nela. Ela estava de certa forma invisível àquele mundo de
estudantes e teorias teatrais, porém algo nela transparecia querer sair
daquele lugar passivo .
Então, a vi tomar coragem, embora estivesse muito nervosa. Assim que o Boal indagou
mais uma vez se alguém queria lutar contra a opressão, ouviu-se uma voz
vindo de trás de todo mundo. Não era uma voz jovem , não era uma voz de estudante.
Havia naquela voz uma tensão, um drama, uma decisão. Todos se voltaram e a
viram. Ela vestia um uniforme azul e portava sua vassoura. Ela foi atravessando
por entre os alunos sentados. Houve um buchicho, comentários em surdina. O Boal
estampava um sorriso, ele sabia que
muitas vezes se vive e trabalha anos para um momento como aquele. Ela se
acercou do diretor, estava nervosa. Com muito custo se voltou para a plateia e
disse seu nome: “Maria...Maria da Anunciação”. Após isso, o Boal deu a Maria a
vassoura da personagem, e a Maria passou ao Boal a vassoura que era seu ganha
pão. E as vassouras, a da arte e a da vida, eram exatamente iguais. Ali entendi
porque o teatro grego nasceu da vida : antes de passar ao palco, já na Grécia
Clássica, a arte era vivida como indistinta
da própria vida.E isto era, ao mesmo tempo, artístico, poético, político,
vital, divino.
Boal
pôs a Maria da Anunciação no papel de representar a ela própria. Mas como
representar a si própria a não ser sendo si mesma? E ser não é representar, ser
é agir, sentir, pensar, expressar, existir. Ali já não havia representação, embora
houvesse linguagem, sentido, arte.Quando foi dada a ordem para o reinício, a patroa
retomou seus vitupérios. Contudo Maria não se curvou, tampouco entrou em disputas
dialéticas. Ela segurou firme a vassoura, e de “ganha pão” ela se tornou uma arma: Maria saiu a desferir golpes de vassoura na
opressora desumana. Ela batia de verdade! Foi necessária toda a equipe para
segurá-la, Maria era forte. Explicaram para ela que era tudo mentira...Mas
seria mentira para Maria, a Maria-povo, a experiência da opressão? Aos poucos
ela foi se acalmando, já sorria.Todo mundo sorria.E de vassoura na mão voltou Maria
da Anunciação para seu trabalho. Ela passava sorrindo olhando para a gente. Ela
nos perdoava.
Heitor também está à frente, para proteger quem está atrás.
Um é amigo da guerra, o outro o é da paz. E tudo no mundo pára, para ver quem pode mais: eles lutam não apenas no campo de batalha, eles se enfrentam também no dos ideais.
Aquiles salta,
Heitor tem os pés no chão.
Aquiles ama a morte,
Heitor ama o irmão.
Se em Aquiles a poesia aos Deuses exalta,
em Heitor ela é obra da humana condição.
Morre Aquiles para viver na glória.
Morto foi Heitor em defesa de sua memória.
Quis Aquiles o extremo sem comparação.
Quis Heitor apenas a medida do coração.
Entre ambos havia uma muralha:
para o primeiro, um obstáculo;
para o segundo, uma proteção.
De longe os espreitava Ulisses,
o homem da ardilosa razão.
Ulisses não tinha a coragem de Aquiles,
tampouco de Heitor a gratidão.
Sua arma era o cálculo,
a frieza da abstração.
E lá onde os corações ardendo se batem,
Ulisses dissimula sua fria ambição:
enquanto morrem os autênticos em combate, esquivo foge Ulisses com o ouro na mão.
**** ****
WITTGENSTEIN
Queria lhe mostrar a paisagem,
a única paisagem que há.
Embora única, ninguém a pode medir ou contar.
Ela está à frente,
atrás,
dentro e fora. Ninguém a cerca, ninguém é seu dono; e para percorrê-la só a amando, somente desejando livre passear. É ela que nos circunda quando a noite ameaça,
é dela o ar que enviva o que se move e o que voa. E quando tudo ao redor se afasta, ela é a única que fica e perdoa.
Ele era um homem comum:
nem melhor , nem pior do que os outros.Perto de sua casa passava um rio.Ele via
o rio todos os dias. Ora nele se banhava, ora pescava, ora se divertia.Do rio
ele extraía o útil e o lúdico. Ele pensava que conhecia bem o rio, o rio que
por sua casa passava.
Mas houve um dia que lhe
nasceu uma questão: onde nasce esse rio? Onde fica sua fonte, sua nascente? Ele desejou então buscar a nascente, subindo pela margem, próximo à corrente.
Não demorou muito para ele
ver que o rio conhecia paisagens diferentes daquelas que cercavam sua conhecida
casa. O homem atravessou lugares que nunca antes viu. Faltava-lhe agora mapa,
bula, opinião. Doravante,apenas o rio era o fio ao qual ele se agarrava, para assim
vencer labirintos. Ele pensou em desistir , pensou voltar. Teve medo, teve
horror, teve desesperança. Podia ele confiar naquele rio?
Contra si mesmo, ele
continuou. As águas foram ficando cada vez mais translúcidas, e melodias
inauditas ele ouvia vir da multicolorida mata.As borboletas perderam medo dele:elas
pousavam em seus ombros. Em tudo havia música. Já não havia dúvidas: a fonte não estava mais longe.Ele veria onde o fluxo
nasce.
De repente, ele viu.Ele
viu o que nunca antes nenhum homem pôde olhar.Ele viu a banhar-se na fonte a
deusa Atena, a deusa da Sabedoria.E a Sabedoria estava nua.A Sabedoria não
vestia nenhuma teoria, nenhuma fórmula, nenhum número, nenhuma verdade, nenhum
dogma. Ela estava completamente nua, inocente.E o homem então viu que quando a
sabedoria se despe das vestes acadêmicas, é como poesia que ela se mostra.
Atena virou-se para ele e
viu amor nos olhos daquele homem.E quem vê nascer em si um amor assim nunca mais será o mesmo.Quem vê
a sabedoria nua vê tudo o que se pode saber. Nada mais precisa ver.É nas fontes
que a sabedoria está. Quem a vê nunca mais a esquece, nunca mais a deixa de
ver.
E foi assim que esse
homem se tornou um sábio, através dessa metamorfose nascida de uma visão
poética, onde tudo o que se precisava saber
ele viu, para nunca mais esquecer.
No mito grego esse homem
se chamava Tirésias.Para protegê-lo da cegueira dos homens, a deusa o cegou
para aquilo que os homens chamam de realidade. Mas os olhos do seu espírito
estariam sempre a vê-la, e Tirésias compreendeu que nada mais ele precisaria
ver, a não ser ela, a Sabedoria.E que não se pode olhar para a Sabedoria sem os olhos do amor.
Mas esse homem também
poderia se chamar Manoel: o sábio-poeta que descobriu que dele brota uma “visão Fontana”.
O que diz Manoel também já o disseram sábios, santos, simples.Já o disseram fazendo.Quando a gente dá o amor, aquele que o recebe e o que dá passam a existir mais. O poeta dá o amor à palavra: ao receber o amor que o poeta lhe dá, a palavra também recebe o poeta e deixa que ele viva nela. E assim o poeta já não vive apenas dentro dele, mas vive fora, nas coisas, no mundo. Van Gogh deu amor às tintas, e estas o receberam amando-o. E Van Gogh se metamorfoseou em girassol que nunca apodrece, mesmo que apodreçam as tintas com as quais o girassol pintado é feito.
Ódio, inveja, rancor, cobiça, vaidade...são frutos apodrecidos.Ódio, inveja...são amor apodrecido, e isto se vê facilmente no rosto , nas palavras e nas ações de quem os sente. As paixões tristes, como ensina Espinosa, são frutos apodrecidos . O ódio , o rancor, a cobiça, a vaidade...não são o fruto original,pois estes frutos não nascem da árvore da vida, da árvore da Natureza. Se tais paixões tristes existem e governam os homens, é na alma destes que tais frutos têm raízes. Não raro, estes frutos apodrecidos são a moeda pela qual se compram ou obtêm fama, poder, posses, títulos.
Somente o amor é, da árvore da vida, o fruto. Fruto que não se vende ou troca, mas que se dá, que se oferta. O poeta dá o amor sem esperar amor em troca. Ele dá o que já está nele, e não o que lhe falta. Generosidade da invenção, da alegria.
Mas antes do fruto estar maduro, ele cresce em nós ainda verde. Ele amadurece em nós de acordo como amamos a nós mesmos, de acordo como o cultivamos cultivando-nos.E isto se faz discretamente, sem alarde, sem esperar reconhecimentos, a não ser da própria árvore que gerou o fruto. E esta nos recompensa fazendo nascer mais frutos em nós: ela nos faz nascer mais ideias, mais poemas, mais arte, mais alegria,mais afeto, mais afirmação, mais generosidade ,mais ousadia , mais firmeza, enfim, ela faz nascer mais do mais: ela nos faz nascer nascimentos ( "na ponta do meu lápis só tem nascimento", sorri para nós o poeta). Árvore rizomática de múltiplas raízes .Árvore sem centro, que cresce horizontalmente e nos horizonta.
Certa vez, quando perguntado sobre sua poética, Manoel
de Barros respondeu:
Penso que
nasci com o olho divinatório, que é o que chamam de dom. É assim que Sófocles,
no Édipo Rei, chamou. Ele disse que o artista nasce com esse olho divinatório.
E que esse olho deve ser completado com outro olho, que é o olho do
conhecimento. E completou que a arte é feita da reunião desses dois olhos. Isto
seja: que a arte é o terceiro olho. Eu andei lendo os poetas, os filósofos,
ouvindo os músicos, vendo os Picassos para ganhar o olho do conhecimento. Acho
que a construção de minha poesia, que é uma construção meio caipira e meio
erudita é fruto desse terceiro olho e mais de uma disfunção lírica. Essa
disfunção vem do grande fastio que tenho pela palavra acostumada.
“Olho
divinatório”: olho de transver as coisas, desformar a natureza. Assim, a
poética de Manoel de Barros é inseparável de uma percepção. Esta não é um “fazimento
cerebral”, mas um instrumento de incorporação. Incorporar as coisas é sê-las, é
mimetizá-las como um camaleão.
O olho de transver é uma “visão fontana” na qual o mundo, renovado em seu inacabamento
, renasce e jorra em sua eterna
novidade:
Tudo que os
livros me ensinassem
os espinheiros já me ensinaram.
Tudo que nos
livros eu aprendesse nas fontes eu aprendera.
O comum é aquilo que é
igual tanto no todo quanto nas partes.É Espinosa que nos fornece essa
definição.O comum não nasce da mera associação de indivíduos. Estes somente se
associam mediante um contrato, contrato este que eles são obrigados a seguir,
pois o descumprimento do mesmo pode acarretar alguma sanção ou prejuízo. O pressuposto dos contratos é a primazia do
indivíduo.
O comum não nasce de
contratos ou receio de prejuízos.Quando nasce um comum, cada indivíduo se torna
parte do comum que os agencia. Equivocadamente, sempre imaginamos o todo como
um conjunto fechado.E dentro dele imaginamos seus componentes.O todo seria o
continente e os componentes seriam o conteúdo.Imaginamos ainda que apenas os
componentes estabelecem relações, e que o todo-conjunto sempre permaneceria o
mesmo, independentemente das relações de seus componentes.Imaginamos até mesmo
um conjunto vazio, sem componentes.Mas nada disso traduz o que Espinosa chama
de comum.O comum não existe como um conjunto . O comum nasce das relações: ele
é a própria relação.Os contornos de um comum vão até onde alcança o nosso poder
de agir e de pensar.O conhecimento, por exemplo, é como uma gaiola que nos
encerra em padrões imutáveis existindo em limites delimitados ou é algo que nos
amplia?Ampliar-se pelo conhecimento não é aumentar o tamanho físico de nosso
corpo, tampouco aumentar a extensão das coisas que podemos dizer nossas, como
propriedades privadas; o conhecimento nos amplia pelas conexões que ele nos possibilita,
tornando-nos partes de infinitas coisas:
parte da pólis, parte do planeta, parte da noosfera, parte do infinito, parte
das descobertas que nós mesmos fazemos, enfim,parte do conhecimento mesmo que
nos amplia.
A amizade nasce de um
contrato? O amor se mantém por um contrato? E mesmo a justiça, ela é garantida
apenas pelos contratos?Amizade, amor, justiça, conhecimento...são noções
comuns. São várias as causas que fazem nascer o comum, mas a mais forte é a
alegria.Ao contrário,muitas relações tristes somente se mantêm pelos contratos
que as obriga.
Para Espinosa, a alegria é um aumento do nosso
poder de agir, do nosso poder de existir. Assim, o comum não nasce para nos
limitar, tal como o contrato, mas para nos expandir.Há uma dimensão do afeto na
instituição do comum. E destruir o comum é destruir parte de nós mesmos.O comum
nasce do agencimento, não da associação ou união.
O comum não nasce no exterior
dos indivíduos , assim como os contratos que dependem do Estado e de suas
polícias; o comum nasce na imanência dos indivíduos, em seus desejos.
Segundo Espinosa, o todo
é maior que a mera soma de suas partes. Assim, quanto mais afirmamos o comum,
mais existimos nele, ele que sempre nos aumenta. Mas o comum não existe apenas
nele ou nas partes, ele existe tanto nele quanto nas partes. Por exemplo, o
conhecimento como o comum que liga professor e alunos não existe apenas nele
mesmo, como um céu inatingível, tampouco existe apenas no professor; o
conhecimento existe nele mesmo, no professor e também no aluno. O conhecimento
não existe apenas naquele que ensina, ele existe também naquele que aprende; e
mesmo aquele que ensina, enquanto parte do conhecimento, aprende também com o
ensino enquanto todo que é mais do que ele. O comum não é um território com
cercas delimitadas, ele é um processo:
nele há lugar para a invenção,invenção do conhecimento e de nós mesmos.
A amizade que une Pedro e
Paulo não está apenas em Pedro ou em Paulo, está em ambos e mais na própria
amizade enquanto ideia comum que os torna amigos.Pedro é parte de Paulo
enquanto ambos são partes da amizade, pois o comum não existe sem partes.Um
conjunto pode existir sem componentes, como conjunto vazio, mas não pode
existir amizade sem amigos, amor sem amantes, ensino sem professor e aluno.
O amor que liga Pedro e Maria
não está apenas em Pedro ou em Maria, mas está em ambos enquanto eles são
partes, partes singulares,do amor que os agencia. Pedro não ama Maria por
obrigação e nem mantém o laço por obrigação, a não ser que reduzamos o amor a
um contrato, inclusive um contrato apenas moral.
Não se deve confundir
indivíduo e singularidade.Por se oporem como átomos isolados, os indivíduos
somente se unem mediante contratos que eles realizam por suas respectivas
vontades.A primazia do indivíduo o faz existir como um todo à parte: onda sem
mar,mão sem braço,nuvem sem céu, fruto sem árvore.Mas somente quando produz o
comum que também o produz, o indivíduo devém singularidade, pois é somente como
parte de um comum que podemos nos singularizar.Singularizar-se
não é enrijecer nossos contornos de acordo com uma identidade,mas descobrir que
são as relações que nos constituem também intimamente.E toda relação que
singulariza é composta de três, e não de dois. Ela é constituída por aqueles
que se agenciam e mais o comum que dá sentido ao agenciamento.
Quando entre os
indivíduos não existe um comum que os agencia, eles passarão a existir de tal
forma que um quererá impor ao outro a sua maneira de ser, o que dará nascimento
a esperança de reconhecimento por mero reconhecimento e medo de rejeição, o que
acaba por fomentar ódios recíprocos, mantidos ocultamente ou explicitamente.
O comum não é o mero
consenso nascido da semelhança da opinião de indivíduos.O comum é a criação de
um terceiro indivíduo do qual me torno parte, não como indivíduo, mas como
singularidade.Ou seja, produzimos o comum enquanto potencializamos nossa
diferença.Pois potencializo minha diferença quando a faço parte, parte ativa,
de uma diferença ainda maior.Somente as diferenças se agenciam : na e pela
diferença.São as diferenças que nos assemelham, não a identidade.É uma ilusão
profunda imaginar que existe uma ideia geral de amizade, uma ideia geral do
amor, uma ideia geral do ensino, que passarão a ser impostas então como padrão
ou modelo.O comum não é uma ideia geral.Assim, existem mil maneiras diferentes
de se produzir a amizade, o amor, o conhecimento....Um museu produz uma ideia
de conhecimento totalmente diferente da escola formal.Mas entre o museu e a
escola existe ainda um comum: o conhecimento como ideia plural que cada um
realiza de forma diferente.O comum não é paradigmático, ele é sintagmático.
O comum não é um mero
efeito, ele é causa: a amizade nos torna amigos, o conhecimento nos torna
agentes do conhecimento ( não só o professor é agente, o aluno também o é). O
comum não o é apenas em relação a almas, ele também envolve os corpos. Nasce
não apenas uma alma comum entre os amigos, nasce igualmente um corpo comum,
corpo que não é apenas fisiológico ou orgânico, mas corpo afetivo, qualitativo
e intensivo.É um corpo onde ambos se apoiam para agir.
O corpo tem por virtude a
ação. Assim, um amigo é aquele que podemos reconhecer pelas ações, assim como
se reconhece pelas ações um professor e um aluno, desde que também exista a
educação como o comum que também liga suas almas. O comum não concerne apenas à
alma ou ao corpo, mas aos dois.
Ao contrário do latifúndio, que faz da
improdutividade uma extensão sem fim ( extensão esta que é propriedade de uns
poucos, ao preço de excluir muitos), o “nadifúndio” é a Terra dos que produzem
, mesmo que excluídos, mesmo que explorados. Há latifúndios lingüísticos aos
quais o poeta invade com seus nadifúndios.
O nadifúndio é a Terra
dos que produzem bens e valores que não se podem vender ou comprar no
mercado.
Nos nadifúndios se plantam “rizomas”. Ao contrário da árvore
(que se fixa ao solo e cresce
verticalmente ) , o rizoma é uma raiz que troca a profundidade do solo pela sua
superfície sem fronteiras.
O rizoma é uma raiz que
faz do deslimite o seu chão. As plantas rizomáticas crescem horizontalmente:
suas raízes espalham-se em todas as direções possíveis, e só visam a
verticalidade se for por intermédio de um muro que se quer ultrapassar,
transpor. Impossível determinar o número
de raízes que servem de apoio ao movimento
de uma planta rizomática, visto que
suas raízes são múltiplas, incontáveis : brotam e nascem conforme as
exigências de expansão da planta . As formações rizomáticas não possuem centro.
Os rizomas são plantas sem “existidura de limite”. O substantivo é a árvore da
linguagem, ao passo que os verbos são seus rizomas.
O saber que apreende os nadifúndios constitui uma
poética da ignorãça:
Quando olhei para a
janela de minha sala, vi pousado o passarinho que eu criava, e que há alguns
anos libertei. Mas agora ele estava ali, livre. Era um canário todo branco. Um
príncipe.Eu o ganhei preso em uma gaiola. Não aprecio gaiolas, tanto as que
prendem passarinhos quanto as que aprisionam almas.Porém, esse canário me
fora dado de presente, e achei por bem não recusar.Com o tempo, apeguei-me a
ele.Depois de anos de sua canora companhia, decidi soltá-lo próximo a árvores
do amplo Aterro do Flamengo. Não queria que ele morresse preso.Assim, o
libertei. Após alguma hesitação, o canário arriscou um voo. Não foi muito
longe.Suas asas nunca tiveram tanto espaço para explorar.Dei-lhe as costas,
embora eu não quisesse. Quando me voltei, segundos depois, ele já não estava
mais lá. Creio tê-lo visto entre as folhas de uma amendoeira que não distava
muito de onde o soltei.
Mas já faziam muitos anos
que o soltei.E agora ali estava ele, parecendo que foi ontem que tudo
aconteceu. Pelo jeito ele me perdoou, se é que ficou sentido comigo por obrigá-lo
à liberdade.
Apanhei um pouco de
comida e ofertei em minha própria mão.Sem medo, veio o canário pousar nela e
comer os grãos.Eu estava muito feliz com seu imprevisto retorno.Por onde ele
terá andado?Pensei comigo.Mas um canário vive tantos anos?Meditei.
De repente, ele abriu as
asas e voou novamente ao parapeito. Somente quando ele posou reparei que na
mesma janela já o esperavam dois pardais.Estes se mostravam ariscos, desconfiados.
Não sei ao certo se o
canário assobiou ou disse em palavras, mas de alguma maneira ouvi ele dizer aos
seus companheiros de rua e bando: “podem chegar perto dele, ele é amigo”.E os
três olharam para mim.
Peguei mais comida e
ofertei aos pardais. Mas nada de eles virem, ariscos que estavam.Então,
coloquei o alimento sobre a mesa.Eles voaram para perto do alimento e dele
comeram.Já olhavam para mim como que me reconhecendo.
De repente, eles viraram
crianças.Eram três crianças na minha frente.O canário e um dos pardais se
metamorfosearam em duas crianças que creio nunca ter visto antes.Mas um dos
pardais era agora uma criança da qual me lembrava bem: era meu irmão Dener!Mas
por que ele está assim criança? Pensei comigo. Este meu irmão já era adulto, já
passando dos quarenta. Não importa: me inclinei para abraçá-lo.Porém, nada
peguei, a não ser sua lembrança, pois me recordei que este meu irmão havia
morrido há apenas alguns dias.Ele olhou para mim e percebeu que eu me dei conta
de que aquilo era um sonho.Ele disse: “já vou indo...”, e chamou os outros dois passarinhos-crianças
para irem com ele.
Quando os três estavam
perto da janela, perguntei: “mas vocês são capazes de voar assim, apenas como
meninos e sem asas?”. “Podemos sim”, disse meu irmão para mim. Apontando para o
menino-canário, meu irmão me falou: “Foi ele que nos ensinou”.
E assim os três se foram:
enquanto eu despertava ,eles voavam atravessando o limiar da gaiola deste
mundo.
Imagem:
A Girl Writing: The Pet Goldfinch by Henriette Browne, 1829-1901 (Museum of
Childhood)
OBJETIVOS
Facultar a possibilidade de um diálogo
entre filósofos e literatos, a partir de temas caros a esses novos
interlocutores e extraídos de suas próprias obras. Tal propósito quer alcançar
o colóquio entre esses universos aparentemente distanciados.
PÚBLICO-ALVO
Esse curso está elaborado para atender uma clientela interessada em
aperfeiçoar-se ou em melhorar a sua qualificação profissional ao aguçar sua
capacidade reflexiva e crítica.
- Profissionais graduados nas áreas do saber em geral;
- Profissionais graduados nas áreas de conhecimento e de saber afins;
- Alunos recém-graduados.
PRÉ-REQUISITO
Os cursos de pós-graduação lato sensu estão abertos a todos os
portadores de diploma de curso superior reconhecido pelo Ministério da
Educação.
VAGAS
O curso será ministrado somente com um número mínimo de 30 alunos.
HORÁRIO DAS AULAS
Terças e quintas, das 9h às 12h30
1ª disciplina
2ª disciplina
das 8h15 às 10h40
das 10h50 às 12h30
PERÍODO
O curso tem duração de 1 ano (360 h/a),
excluindo o período de elaboração da monografia.
MÓDULO FEVEREIRO / JULHO 2015
de 24 de fevereiro de 2015 a 21 de julho de 2015
MÓDULO AGOSTO/ DEZEMBRO 2015
de 4 de agosto de 2015 a 22 de dezembro de 2015
INÍCIO DAS AULAS DO PRÓXIMO MÓDULO
24 de fevereiro de 2015, terça-feira, às 8h15
DISCIPLINAS E CORPO DOCENTE
Manoel de
Barros, Deleuze & Guattari: uma didática da invenção Espinosa e Bernard Malamud: liberdade e necessidade Profº Drº Elton Luiz Leite de Souza
Leibniz e Borges: uma leitura
transversal
Deleuze e Céline: tornar visível o invisível Profa. Dra. Flavia Bruno, doutora em Filosofia
A odisseia da razão: Adorno e Horkheimer
leitores de Homero
Ésquilo, Sófocles e Eurípedes na filosofia de Nietzsche Prof. Dr. Vinícius Monteiro, doutor em Filosofia
Ilusões perdidas de Balzac a Marx
Admirável mundo novo de Huxley a Habermas Prof. Ms. André Magnelli, mestre e doutorando em Sociologia
Ortega y Gasset e Miguel de Cervantes:
romance e realidade
Chesterton e Tomás de Aquino: fé, filosofia e literatura Prof. Dr. Joathas Bello, doutor em Filosofia
Para além da representação: Derrida e
Artaud
Os fins do homem e o retorno da linguagem em Bataille e Foucault Prof. Ms. Marcelo de Oliveira Lopes, mestre em Sociologia
Sartre e Camus: as ideias que deram fim
a uma grande amizade
Machado de Assis e Schopenhauer: vida, um oscilar entre a dor e o
tédio Profa. Dra. Márcia do Amaral, doutora em Filosofia
Proust e Descartes: em busca do meditar
perdido
Clarisse Lispector e Heidegger: sobre o
dizível e o indizível existencial Prof. Dr. André
Campos, doutor em Filosofia
MONOGRAFIA
Para obter o Certificado de Especialização, o aluno do curso de pós-graduação lato
sensu, após concluir as aulas presenciais, terá um prazo de seis meses para
a conclusão do trabalho monográfico. Na aula de Metodologia da Pesquisa
receberá um manual com orientações formais acerca do projeto e da monografia. A
monografia que obtiver grau de excelência ficará disponível para consulta na
biblioteca da Faculdade.
COORDENAÇÃO DO CURSO
Profª Drª Lucia Cavalcante Reis Arruda – Doutora em Filosofia