gueixa

Tudo o que pode virar caco,
que protegê-lo nossas mãos saibam.

Tudo o que pode voar,
que libertá-lo nossas mãos possam.

morena

O coração é um escudo
que protege dos dois lados.

paisagem 6

O corpo tem dois olhos,
mas em um único foco os junta
o indivisível olhar da alma.

paisagem

A melhor maneira de ver no escuro
é mantendo a alma acesa.

jardim de inverno 4

Ler nas sensações
renova o que já se sabe,
e com arte se reaprende.

jardim de inverno 3

“Um pássaro empalhado pousado numa árvore morta”,
eis no que se torna a palavra,
quando dita por uma boca que se perdeu da alma.

noite de inverno

Traçado a giz
deve ser o contorno
de quem amanhã já não será o mesmo.

jardim de inverno

As ações são obras que se perdem
se nos detemos muito no esboço delas.

nômade 5

Quem a vida pôs de pé
diante da morte não se ajoelha.

nômade 3

nômade 4

Do albatroz, as asas;
do sabiá, o canto;
do pardal, o andar em bando.

nômade 2

O caminho para ir e o caminho para vir
não conhecem os mesmos pés.

belle 4

A idéia que mais amplia nosso pensar
é aquela que a gente não sabe de onde veio.

Quem ensinou o primeiro pássaro a voar
também criou no homem o desejo.

belle 3

A pérola nasce dentro da ostra
porque sua confiança não depende do que lhe está fora.

***

A arte de reerguer-se
começa no aprender a não maldizer o chão.

Paul Klee - Travessura ( 1939)

DA NECESSIDADE DE APRENDER A DESAPRENDER


Paul Klee impôs a si mesmo uma espécie de desaprendizagem. Embora ele desenhasse de forma precisa e técnica, esta mesma precisão e técnica tornou-se uma fôrma e prisão para as imagens que ele queria exprimir. Uma fôrma/prisão que precisava ser quebrada para que , livres, as imagens pudessem fluir.
Então, ele passa a desenhar com a mão esquerda. O artista descobriu-se novamente criança nesta mão: cada desenho era o desenhar de novo nascendo ─ fazendo-se como novidade, experiência e descoberta. Ao desaprender as formas e códigos da mão direita, Paul Klee redescobriu a pintura e a ele mesmo: reencontrou a alegria da criança cujo brincar e inventar é a coisa mais séria e verdadeira.

belle 2

A memória da cor
nunca se esquece
do verso que o olho leu na flor
como se a poesia na própria vida estivesse.

céu 13

O coração não faz sermões:
ele nos pega pela mão e puxa.