Para os estoicos, a filosofia é inseparável de certos “exercícios”. Ou seja, a filosofia é uma prática não exclusivamente teórica.
Desses exercícios, o primeiro e mais importante deles é a atenção (prosochè).Sem atenção perseverantemente exercitada, não há pensamento e ação fortalecidos.
É um erro dizer: “não consigo prestar
atenção nesse filme, ele é muito lento”, “não consigo prestar atenção nesse
livro, ele não tem figuras”. Pois não é algo externo que deve despertar nossa
atenção, somos nós mesmos que devemos despertar nós mesmos: toda prática de
atenção é, antes de tudo, um prestar atenção a si. Quem depende de algo externo
barulhento e agitado para ter a atenção despertada, é porque não presta atenção
em si.
Meditar, por exemplo, é prática de
prestar atenção na nossa respiração. Até o silêncio requer que prestemos
atenção nele. E não há como alguém discordar ou concordar com algo que o outro diz sem
prestar atenção não só nas palavras, mas
também nos gestos e até mesmo nos silêncios
do outro que nos fala.
Prestar atenção não é projetar “certezas”
ou (pré)julgamentos, e sim abrir-se para aprender, vivendo. Pois de toda
atenção faz parte também o corpo, uma vez que a atenção requer sensibilidade
ativa e atuante.
Assim, prestar atenção não é querer
encontrar nas coisas o que (pré)concebemos delas. Ao contrário, prestar atenção
também é estar atento a essas ideias pré-concebidas que , dentro de nós,
impedem que em nós entrem coisas novas.
A atenção não se faz no passado e nem
no futuro, pois é sempre no presente, como abertura atenta a ele, que toda atenção acontece e ensina , assim
auxiliando a nos libertar de
condicionamentos passados e de projeções e expectativas futuras que só trazem medo, insegurança e angústia.