“A palavra abriu o roupão para mim:
ela quer que eu a seja.”
(Manoel de Barros)
O maior sábio da
Grécia não foi Sócrates, foi Tirésias, o cego. Ele assim ficou por ter
visto Atena nua. Ele viu a deusa da
Sabedoria despida das vestes dos textos teóricos.
Ele a viu enquanto
ela se banhava em uma fonte que nunca seca, a qual somente acha quem tem sede não apenas de água. É dessa
fonte que brota o rio de Heráclito , pois mesmo a
Sabedoria necessita do fluxo para renovar-se das ideias mortas.Atena se adornava
antes de ir à Academia, para ali ser vista
pelos doutos, que adoravam apenas a aparência dos panos que a cobriam .
Somente fora da academia ela se mostrava espontânea. Na fala e discursos dos doutos havia apenas
formais palavras, mas nos olhos de
Tirésias a Sabedoria viu paixão . Ela o cegou não por ódio ou punição, tampouco
para manter-se em segredo. Ela o cegou
para protegê-lo. Para protegê-lo de si mesmo e dos homens, incluindo os
doutos. Quando a Sabedoria se despe das
teorias, é como poesia que ela se mostra.
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