terça-feira, 29 de agosto de 2017

um devir-índio...

Certa vez, um antropólogo inglês entrou na oca de um índio e viu uma máquina de escrever pendurada na parede da oca, como se fosse um objeto artístico. Isso aconteceu em 1950, época em que a máquina de escrever era o símbolo técnico da cultura branca letrada. O antropólogo nada perguntou ao índio, retornou  a Londres tentando entender aquele acontecimento. Ele  consultou teses e tratados, porém nada encontrou  na teoria que lhe pudesse fazer compreender  o gesto do índio.  Até que , de repente, ele olhou para a parede de sua biblioteca e viu um arco e flecha pendurados como enfeite. Então,  o acadêmico compreendeu que aquilo que ele fizera com o arco e flecha, o índio fez com a máquina de escrever, reinventando-a desutensílio poético.  No gesto do índio havia, ao mesmo tempo, arte, crítica e subversão de acostumados sentidos "úteis".Talvez precisemos  descobrir em nossos “olhos civilizados” aquele   olhar insubmisso  de um  índio , sobretudo para olharmos para nossa própria “cultura civilizada” e, quem sabe, reinventarmo-nos.


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