Certa vez, um antropólogo inglês entrou na oca de um índio e
viu uma máquina de escrever pendurada na parede da oca, como se fosse um objeto
artístico. Isso aconteceu em 1950, época em que a máquina de escrever era o
símbolo técnico da cultura branca letrada. O antropólogo nada perguntou ao
índio, retornou a Londres tentando
entender aquele acontecimento. Ele
consultou teses e tratados, porém nada encontrou na teoria que lhe pudesse fazer
compreender o gesto do índio. Até que , de repente, ele olhou para a parede
de sua biblioteca e viu um arco e flecha pendurados como enfeite. Então, o acadêmico compreendeu que aquilo que ele
fizera com o arco e flecha, o índio fez com a máquina de escrever,
reinventando-a desutensílio poético. No
gesto do índio havia, ao mesmo tempo, arte, crítica e subversão de acostumados
sentidos "úteis".Talvez precisemos
descobrir em nossos “olhos civilizados” aquele olhar insubmisso de um
índio , sobretudo para olharmos para nossa própria “cultura civilizada”
e, quem sabe, reinventarmo-nos.
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