Uma influência especial em Manoel
de Barros: Paul Klee. Este pintor ensinou ao poeta a necessidade de "aprender a
desaprender" . Assim fez o pintor: embora ele desenhasse de forma precisa
e técnica, essa mesma precisão se tornou uma fôrma e prisão para as novas
imagens que ele queria criar. Uma fôrma/prisão que precisava ser quebrada para que,
livres, as imagens pudessem fluir. Então, ele passa a desenhar com a mão
esquerda (“desaprendizagem” semelhante fez Miró). O artista descobriu-se
novamente criança nesta mão: cada desenho era o desenhar de novo nascendo ─
fazendo-se como novidade, experiência e descoberta. Ao desaprender o
“acostumado” da mão direita, Paul Klee
redescobriu a pintura e a ele mesmo: reencontrou a alegria da criança cujo
brincar e inventar é a coisa mais séria e verdadeira. A gramática, não importa qual,
é sempre destra , porém toda invenção vem da mão
esquerda.
“Liberdade não é o que se opõe à
necessidade, liberdade é o que põe a necessidade da ação” (Espinosa, Tratado
político, §11).
Paul Klee, Travessura |
Nenhum comentário:
Postar um comentário