quinta-feira, 25 de junho de 2020

os tupinambás


Existiram e existem muitas etnias e povos indígenas de grande valor. Mas talvez nenhum povo  tenha sido mais nobre e guerreiro do que o povo tupinambá. Os primeiros colonizadores tentaram comprar a obediência deles, não conseguiram. Depois quiseram  negar seus deuses, porém isso só fez aumentar o amor  dos tupinambás a  seus Ancestrais. Por fim, tentaram exterminá-los... Mas  um único tupinambá tinha mais coragem e força do que dez dos mercenários invasores. Inclusive, além das flechas e lanças, os tupinambás tinham uma arma que não provocava mortes ou ferimentos, sendo  muito eficaz para afugentar o inimigo evitando derramamento  de sangue : quando percebiam que os inimigos vinham em emboscada , os tupinambás começavam a tocar uma flauta cujo  som parecia   um grito de aviso, pois o som  parecia dizer: “Se vierem atacar , vão terminar como eu”. Pois a flauta era feita com o fêmur oco de mercenários  incautos que tentaram escravizar  os tupinambás. Quando ouviam tal réquiem da taba, as pernas dos mercadores  de gente fugiam correndo...
No final do século XIX e começo do século XX, sob a influência do positivismo, o Estado e os milicos brasileiros consideravam  um insulto viverem  aqui  povos  que não estavam nem aí para a tal “Ordem e Progresso”: tais povos eram livres e felizes só com a natureza. Por perseguição,  os milicos obrigaram  vários povos indígenas  a se miscigenarem , outros foram caçados e exterminados. Novamente , a maior resistência veio do povo tupinambá. Foi mais ou menos nessa época que os “Integralistas”, espécie de avôs dos bolsonaristas de hoje, resolveram travar uma “guerra santa” contra os tupinambás . Inclusive, acusavam os tupinambás de “comunistas”, por eles tratarem a terra  como  “bem comum” sem dono ou proprietário. Os Integralistas fizeram lei  determinando que “os tupinambás eram povos extintos”: queriam extingui-los primeiro na lei  para facilitar depois o extermínio na realidade concreta.  Como não conseguiam vencer os tupinambás empregando  armas e revólveres , covardemente mandaram para seus rios barcos com cadáveres infectados por doenças. Quando os tupinambás ficaram contaminados, as autoridades da época só aceitavam tratá-los   se eles se entregassem, se convertessem e deixassem de ser quem eles eram. Os Integralistas espalharam então o boato de que o povo tupinambá estava  enfim extinto:  a “civilização branca-fundamentalista-capitalista” havia , parece,   vencido.
Recentemente, porém, descobriu-se  que os tupinambás estão vivos, eles não morreram: vivem em Ilhéus, na Bahia, ainda  lutando para manter seus territórios . Dia desses, um cacique tupinambá concedeu entrevista a um jornalista. A primeira pergunta foi acerca do que o cacique achava da ameaça do governo bolsonarista à vida dos índios. O cacique respondeu mais ou menos o seguinte: “Meu povo já conhece, há séculos, esse tipo de gente: são versões novas dos antigos mercenários  e  Integralistas que tentaram acabar com a gente. Para o azar deles, corre em nossas veias o mesmo sangue dos que resistiram a eles.”








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