Existiram e existem muitas etnias e
povos indígenas de grande valor. Mas talvez nenhum povo tenha sido mais nobre e guerreiro do que o
povo tupinambá. Os primeiros colonizadores tentaram comprar a obediência deles,
não conseguiram. Depois quiseram negar seus
deuses, porém isso só fez aumentar o amor dos tupinambás a seus Ancestrais. Por fim, tentaram
exterminá-los... Mas um único tupinambá
tinha mais coragem e força do que dez dos mercenários invasores. Inclusive,
além das flechas e lanças, os tupinambás tinham uma arma que não provocava
mortes ou ferimentos, sendo muito eficaz
para afugentar o inimigo evitando derramamento de sangue : quando percebiam que os inimigos
vinham em emboscada , os tupinambás começavam a tocar uma flauta cujo som parecia um
grito de aviso, pois o som parecia
dizer: “Se vierem atacar , vão terminar como eu”. Pois a flauta era feita com o
fêmur oco de mercenários incautos que tentaram
escravizar os tupinambás. Quando ouviam
tal réquiem da taba, as pernas dos mercadores de gente fugiam correndo...
No final do século XIX e começo do
século XX, sob a influência do positivismo, o Estado e os milicos brasileiros consideravam
um insulto viverem aqui
povos que não estavam nem aí para
a tal “Ordem e Progresso”: tais povos eram livres e felizes só com a natureza.
Por perseguição, os milicos obrigaram vários povos indígenas a se miscigenarem , outros foram caçados e
exterminados. Novamente , a maior resistência veio do povo tupinambá. Foi mais
ou menos nessa época que os “Integralistas”, espécie de avôs dos bolsonaristas
de hoje, resolveram travar uma “guerra santa” contra os tupinambás . Inclusive,
acusavam os tupinambás de “comunistas”, por eles tratarem a terra como “bem comum” sem dono ou proprietário. Os Integralistas
fizeram lei determinando que “os tupinambás
eram povos extintos”: queriam extingui-los primeiro na lei para facilitar depois o extermínio na
realidade concreta. Como não conseguiam vencer
os tupinambás empregando armas e revólveres
, covardemente mandaram para seus rios barcos com cadáveres infectados por
doenças. Quando os tupinambás ficaram contaminados, as autoridades da época só
aceitavam tratá-los se eles se
entregassem, se convertessem e deixassem de ser quem eles eram. Os Integralistas
espalharam então o boato de que o povo tupinambá estava enfim extinto: a “civilização branca-fundamentalista-capitalista”
havia , parece, vencido.
Recentemente, porém,
descobriu-se que os tupinambás estão
vivos, eles não morreram: vivem em Ilhéus, na Bahia, ainda lutando para manter seus territórios . Dia
desses, um cacique tupinambá concedeu entrevista a um jornalista. A primeira
pergunta foi acerca do que o cacique achava da ameaça do governo bolsonarista à
vida dos índios. O cacique respondeu mais ou menos o seguinte: “Meu povo já
conhece, há séculos, esse tipo de gente: são versões novas dos antigos mercenários
e Integralistas que tentaram acabar com a gente.
Para o azar deles, corre em nossas veias o mesmo sangue dos que resistiram a
eles.”
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