segunda-feira, 22 de junho de 2020

o albatroz




No poema “O albatroz”, o poeta Baudelaire nos explica o  motivo de o albatroz ser o pássaro de maiores asas: é porque ele aceita o desafio do oceano. “Venha voar sobre mim se tiver coragem!”, assim é o desafio do oceano . A maioria dos pássaros voa apenas de ilha em ilha, perto do litoral conhecido, muito longe não se aventurando. Mas o albatroz criou imensas asas porque ele ouviu e aceitou o desafio .  Quem voa sobre o oceano nunca sabe se vai achar onde pousar. Voar assim só voa quem confia em suas asas. O albatroz é capaz de ficar uma semana voando sem parar ! Quando tem sede , ele atravessa  as nuvens e bebe a água diretamente sob a forma de gotículas, antes de elas caírem como chuva e se tornarem o próprio oceano . O albatroz também inventou outra arte em sua travessia: enquanto voa, metade de seu cérebro dorme, fechando um dos olhos,  enquanto a outra metade fica de vigília , mantendo o outro olho aberto . Um olho sonha, o outro ao horizonte mira. Porém se engana quem pensa que é apenas  o olho aberto que guia o albatroz: pois quando nuvens negras barram sua visão, é com o olho que sonha que o albatroz avança em sua linha de fuga . Às vezes, no meio do oceano,  o albatroz vê abaixo de si um navio, ele então desce e pousa. O albatroz tenta fechar e guardar suas asas, porém  elas são maiores do que ele: hábeis para voos no céu, elas atrapalham o andar no rasteiro chão. Resultado: no chão o albatroz anda desajeitado, o que faz a marujada rir zombeteiramente. Quando enfim descansa, o albatroz novamente abre as asas e faz do vento uma escada para subir até ao altar azul onde novamente será coroado príncipe. Vendo o albatroz se elevar, a marujada cala o riso e algo neles se eleva também. Mas o capitão do navio , com ódio e inveja , tenta se vingar da liberdade do albatroz atirando contra ele  flechas e bala de canhões. Porém  o albatroz voa tão alto e potentemente, que não o alcançam flechas, canhões e nem a opinião maledicente dos homens. E quando vê a tempestade adiante , o albatroz a atravessa pelo meio e segue em frente.

“Sonhar é acordar-se para dentro” (Mário Quintana)











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