domingo, 21 de junho de 2020

mitos: ontem e hoje


Às vezes, os simpatizantes do bozo o chamam de "mito". De certo modo, eles não estão errados. Pois mitos não são apenas Zeus, Hermes, Afrodite, Eros, Dioniso ...Também são mitos , por exemplo, os "Ciclopes" , seres de um olho só na testa simbolizando “estreiteza de visão”. Os Ciclopes eram inimigos de Zeus, o deus da ética e da justiça, e de Eros, o deus do amor. Os Ciclopes, segundo Jung, simbolizam o que de besta bárbara ainda vive no homem, como sombra persistente mesmo hoje nesse mundo tecnológico, pois os Ciclopes de hoje usam a tecnologia a serviço de sua visão estreita. Outro mito que simboliza o bozo são as “Eríneas”, deusas do ódio e da vingança. Foram elas que despedaçaram “Orfeu”, o poeta que cantava a vida e a arte. Quando Eurídice desapareceu, o poeta Orfeu parou de cantar. Eurídice era o par de Orfeu. Para os gregos, “Eurídice” também é um dos nomes da alma, assim como “Psiquê” e “Pneuma”. Então, as Eríneas queriam que Orfeu esquecesse a alma e servisse a elas, cantando assim a guerra , o ódio e a vingança, para ajudá-las a espalhar tais vilezas pelo mundo. Como Orfeu se recusou a usar sua arte para servir à barbárie, as Eríneas o despedaçaram, tal como as Eríneas de hoje que despedaçaram a placa de rua com o nome da Marielle... Mas isso não fez morrer o poeta , pois seu filho de nome “Museu”, poeta como o pai, recolheu os fragmentos que Orfeu se tornou e os reuniu novamente, fazendo surgir assim a primeira exposição do mundo, na qual Orfeu reencontrou sua alma-Eurídice expressa em sua arte. Bozo também lembra Procusto , um personagem de índole questionável que oferecia uma “cama” fabricada por ele às pessoas que passavam cansadas por uma estrada. Quando as pessoas se deitavam na tal cama, porém, acontecia algo estranho: ninguém cabia direito nela. Quando a pessoa era maior do que a cama , Procusto pegava um machado e decepava as pernas e a cabeça , deixando o incauto acéfalo.Quando, ao contrário, a pessoa era menor , Procusto amarrava as pernas e os braços dela com correntes , esticando brutalmente até desmembrá-los... Ninguém sobrevivia àquela cama transformada em túmulo: querendo que cada um se amoldasse à força, Procusto acabava matando todo mundo. Quando as pessoas reclamavam, Procusto pegava uma régua e media com rigidez militar a cama, e dizia: “A cama é perfeita, normal, exata: cada lado é idêntico ao outro . A régua não mente! O defeito está em vocês : diferentes e heterogêneos. Amoldem-se , mesmo que se violentando, e caberão na minha Verdade!” A cama de Procusto pode receber vários outros nomes: “Minha Opinião”, “Meu Dogma”, “Meu Credo” ...O que não couber em tais “fôrmas”, Procusto vingativamente corta, nega, mata – física ou simbolicamente . O tamanho de tal cama é o da pequeneza: só acéfalos cabem nela.




Nenhum comentário: