Mais do que um poeta, Manoel de
Barros é um pensador, um pensador brasileiro.
Certamente, um dos mais originais. Ele faz com as palavras o que Glauber Rocha
fizera com as imagens, pondo-as em “Transe”. O transe é o deslimite transposto ao
mundo das imagens.
Empregamos aqui “brasileiro” no
sentido mais genuíno e rico que esta palavra pode ter, pois ser brasileiro é
ser , em essência, “mestiço”. Não nos referimos, claro, a uma mestiçagem
baseada em cores de pele, mas na mistura
singular de almas heterogêneas que
fazem nascer em uma única alma a
capacidade de falar e sentir por muitas. Só a mestiçagem de almas pode dar
nascimento a um estilo ao mesmo tempo singular
e plural , poético e filosófico , autóctone e estrangeiro .
(trecho do livro)
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