- Bonito balão... Foi você quem fez?
- Sim.
- E as lanterninhas formam que imagem?
- Quando o balão subir, vão formar uma palavra.
- O nome de uma pessoa?
- Até poderia, mas não é.
- Você pode me dizer? Fiquei curioso...
- As lanterninhas vão formar um pedido de perdão.
- Um perdido de perdão?!
- Sim...
- Mas por que você não envia uma carta ou escreve um e-mail para a pessoa?
- Porque nem todo destinatário do nosso desejo tem endereço físico. Às vezes, ele mora no passado, às vezes no futuro...Como escrever uma carta ao que se foi? Ou ao que poderá ser?
- É um pedido de perdão a Deus?
- Não chega a tanto... O que sei é que o balão tem que ir bem alto, até o alcançarem os olhos para os quais a palavra perdão fará sentido, pois esses olhos estão muito longe, estão mais distantes no tempo do que no espaço.Porém, mesmo que tais olhos vejam o balão, não tenho a certeza de que ligarão o pedido à minha pessoa.Talvez tenham esquecido o que eu não esqueci.
- Sempre haverá alguém para quem o balão dirá respeito...
- Uma mesma palavra pode ser lida de mil maneiras diferentes por diversas pessoas...
- ...Ou pela mesma pessoa em momentos diferentes de sua vida.
- É provável...
- Mas o balão vai cair, não é mesmo?Haverá tempo para que tais olhos o vejam?
- Seu corpo de perecível papel vai de fato cair em algum lugar longe daqui , quando se apagar a chama que o fez subir. Mas meu desejo vai se saltar e subir além, alçado pela força de outra chama, que parece nunca morrer.
- Subir!? Até onde?
- Até o lugar onde chegam todos os pedidos sinceros de perdão: no claro mistério da lua. E no branco da página lunar, meu pedido talvez vire poema.
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