No poema “Lacraia”, Manoel de Barros descreve uma
“peraltagem” que ele cometeu quando criança. A “visão brincativa” do menino
percebeu que uma lacraia lembra um trem:
a cabeça parece uma locomotiva, os gomos se assemelham a vagões. Então, o
menino resolveu “descarrilar” a lacraia : a desmembrou. Mal deu uns passos, o
menino resolveu olhar para trás...”O que
é a natureza! Eu não estava preparado para ver aquilo”, confessa o poeta. Pois
a cabeça da lacraia olhou para as partes, e estas começaram a se mexer ,
procurando-se. Elas queriam refazer o ser que eram , “emendando-se”;e esse desejo
de refazer-se “também é amor”, afirma o poeta. Não era um templo , porém naquele pedaço da natureza ,
expressando-se naquele simples ser do
chão, agia “a força de Deus”, diz o poeta, sem precisar de alguém fanaticamente
prometendo milagres em nome Dele.
( o poeta grafitado em múltiplas cores em um muro da cidade) |
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