Quando uma pessoa fala em público e
argumenta, essa é uma boa oportunidade para se conhecer também sua mente. Toda argumentação se aplica a assuntos sobre os quais não se pode ter as
evidências da matemática. Assim, quem
argumenta busca se apoiar no “verossímil” ( vero+símile) , isto é, o
“semelhante ao verdadeiro”. Quando o verdadeiro não está diretamente às vistas,
aquele que tem boa índole busca construir um retrato do verdadeiro usando palavras, como
se fosse um “retrato falado” : o verossímil não é o verdadeiro, mas traz
semelhanças com ele. É por isso que existe uma “ética do discurso”, pois as
intenções de quem fala também se revelam em seu comportamento verbal . Mas existe
ainda o “pseudossímil”. A palavra “pseudo”
significa “falsidade” ou “mentira”. Uma coisa é um discurso parecer uma verdade, outra diferente é ele se assemelhar
a uma mentira. Comparsas que querem encobrir
um cúmplice geralmente fornecem retratos falados falsos. Em geral, o pseudossímil indica um problema
de caráter daquele que o emprega. Nos
casos mais graves, psicopatia mesmo, pois revela uma dificuldade em distinguir realidade e mentira no âmbito mais amplo , configurando
assim delírio. E é por isso que o
pseudossímil serve a superstições, mistificações e ignorâncias . O verossímil se aplica a questões que podem ou
não ser verdade , disto dependendo a verificação científica dos fatos, já o
pseudossímil é usado por aqueles que negam
os fatos e a ciência, explorando apenas a mera crença e a ignorância. Por exemplo, é uma
hipótese verossímil que certa vacina já empregada com eficácia contra um vírus
possa ter sucesso na luta contra um vírus semelhante, porém é preciso que a ciência faça experiências e
comprove ou não o que é apenas hipótese. Mas alguém que não seja médico usar
seu poder político ou religioso para afirmar
que um remédio pode combater o vírus, isso é delírio criminoso que nega a
ciência como critério da verdade . O verossímil quase sempre se mostra mediante
hipóteses, já o pseudossímil é apresentado como se fosse uma “Verdade” mais
verdadeira que a própria ciência. Em geral, o verossímil tem por critério uma aproximação com a realidade, já o
pseudossímil revela um afastamento da realidade . E quem fala apoiado no pseudossímil quase sempre berra e grita. Se
houver resistência, ele também ameaça. Às vezes, porém , pode também falar mansamente
aparentando autocontrole, fingindo ser quem não é.
Em geral, quem argumenta baseado no
verossímil pode ser refutado, se a refutação achar fatos que o contradigam. Já
aquele que propala o pseudossímil nunca aceita ser contraditado, e vê como
inimigo quem pensa diferente, um inimigo a ser demonizado ou paranoicamente
eliminado.
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