sexta-feira, 21 de setembro de 2018

- sinal verde

Vinte e um de setembro, início da noite, Centro da cidade.O trânsito se arrasta, pesado e  impaciente. Estou retornando para minha casa, a pé, no fluxo anônimo da multidão. Não penso em nada determinado, estou entre o futuro e o passado,  no meio de gente com passos apressados mas que parecem  sem direção.Paro à beira da avenida agitada, preciso atravessá-la. Olho para cima e vejo  o sinal  fechado , que em vermelho  me diz "não". Desço os olhos, miro adiante, parecendo de mim muito distante, não apenas no espaço,   o outro lado da avenida onde está minha casa. Como o rio de Heráclito,  o fluxo dos carros corre invencível , parece   impossível a travessia. Resisto , reinvento novos olhos,  e é com eles que olho novamente para cima. O sinal continua vermelho e me quer parado, obediente, resignado, porém não me fixo nele. Nas estrelas recém acesas descubro sinais  abertos à  travessia  para outros espaços, pois  naquela noite já se abriam os verdes sinais da primavera.Com os pés no chão, e de olhos no anunciar-se   dela, reencontro o caminho para casa.

  









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