Minhas palavras não se ajuntam por
sintaxe, mas por afeto.
(Manoel de Barros)
Uma letra diz mais sozinha ou
agenciada à outra, formando uma sílaba? Uma letra diz mais sozinha ou em uma
sílaba que faz parte de uma palavra? Uma
letra diz mais sozinha ou em uma sílaba que faz parte de uma palavra que fala uma
mentira? Uma letra diz mais sozinha ou em uma sílaba que faz parte de uma
palavra que diz uma verdade? Uma letra
diz mais sozinha ou em uma sílaba que faz parte de uma
palavra que xinga? Uma letra diz mais sozinha ou em uma sílaba que faz parte de
uma palavra que canta? Se você fosse uma letra, que tipo de palavra ajudaria
a formar: a que mente ou a autêntica? A
que xinga ou a que canta?
Se uma letra fosse como o ego de um
egoísta, talvez ela imaginasse que é o indivíduo isolado que tem primazia, tal como pensa um neoliberal individualista. Porém louca
seria a letra que julgasse dizer mais sozinha do que fazendo parte de
uma sílaba, na vida de uma palavra, no coração de uma frase , dando
existência a um livro. Pois é na
imanência de um livro, como parte de seu
plural sentido, que uma letra de fato pode ampliar-se e expressar a si mesma naquilo que expressa o livro, desde que o livro não seja apenas
letras mortas no papel , mas expressão
de um dizer vivo : libertária “obra aberta” .
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