A literatura é o esforço para interpretar engenhosamente os mitos
que não mais se compreende, por não sabermos mais sonhá-los ou produzi-los.
Deleuze
Os gregos não tinham religião com Dogmas escritos , Mandamentos ,
Leis ou coisas assim. Os gregos possuíam altares para vários de seus deuses:
Atena, Zeus, Apolo...menos para Dioniso, pois este deus não aceitava altares ou
templos: ele morava apenas nos caminhos, como deus-itinerante,
andaleço-nômade. Mas também havia um
altar com este nome: “Ao Deus Desconhecido”.
Tal Deus Desconhecido não era um
deus que um dia seria conhecido. Também não era
um deus do qual se ignorava a
existência ainda. O Deus Desconhecido tinha por essência
ser desconhecido eternamente, o que não impedia que fosse aceito e
amado, não menos que os deuses
conhecidos. Desse Deus Desconhecido não podia nascer fanatismo , nem
alguém imaginando falar em nome dele para combater quem
acreditava em deuses diferentes. Mais do que mera questão religiosa, tal
prática de tolerância também expressava a índole democrática daquele povo.
No altar dedicado ao Deus
Desconhecido não havia imagem ou
estátua com identidade única e padronizada. Havia apenas flores de todas as cores emoldurando uma superfície espelhada na qual cada um
podia ver refletido o próprio rosto .
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