poesia é voar fora da asa.
Manoel de Barros
chegamos perto da metafísica. E voltamos.
Manoel de Barros
chegamos perto da metafísica. E voltamos.
Manoel de Barros
Quando vemos os
pássaros voando, sobretudo aqueles de grandes asas que planam bem acima do chão, parece que é fácil fazer o que fazem. Eles planam
calmos, estoicamente sobre os acontecimentos. Parecem imóveis, não batem mais as
asas, porém voam em espirais concentradas, pois aprenderam a se compor com o
vento.
Desde pequenos, foi caindo do ninho que aprenderam o salto. Foi tombando que
depois subiram. Mas o voar não nasce do tombo, pois o tombo nada mais é do que
o efeito de um se alçar que ainda não é senhor de si, que descrê de si mesmo,
que ainda não aprendeu-se, inventando-se livre, não obstante os riscos.
Não é fácil conquistar um meio, para assim mover-se nele, ampliando
o poder de agir próprio. Sobretudo quando esse meio parece invisível, sendo realidade que pés e mãos não tocam, apenas o
pensar e o sentir o sabem deles próximo.
Assim é também o pensamento: é com o tombo empírico que
aprendem a voar/pensar os metafísicos. Estes não têm a pressa ou o desespero
dos que migram pragmaticamente , tampouco voam em
formação uniformemente objetiva como os que buscam outras terras para serem os donos.
Os que voam conquistando um meio infinito se
desterritoralizam do chão conhecido e se
reterritorializam no voo que inventam , e no qual perseveram. Eles voam sobre o território físico
conquistando o meio intangível sempre aberto. Por vezes, atravessam as nuvens e bebem o rascunho da
chuva antes de ela ser fluxo, que amanhã , apenas amanhã, descerá à terra, tornando-se mar e rio.
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