Na ponta do meu lápis há apenas nascimento.
Manoel de Barros
Dentro do casulo parece que a lagarta
está morta. E, de fato, ela está. Ela não se move, ela está parada: ela é o
passado que morre. Para a lagarta, o casulo é um túmulo. Mas algo ali acontece,
e para ver esse processo poucos têm os olhos. Pois o que chamamos morte da
lagarta, como fim ou término, é apenas o começo do nascer da borboleta. Não é a
morte da lagarta que cria o nascer da borboleta. Ao contrário, é o nascer da
borboleta que dá à morte da lagarta um outro sentido. O casulo , na verdade,
nunca foi um túmulo: ele sempre foi um útero em razão da
metamorfose do que há de nascer. O mundo
que a lagarta via não será o mesmo que a borboleta verá : mudará
o mundo porque mudarão, antes, os olhos que o irão ver.
Penso renovar os homens usando borboletas.
Manoel de Barros
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