domingo, 31 de dezembro de 2017

regeneratio3

Na ponta do meu lápis há apenas nascimento.
 Manoel de Barros   
        
Dentro do casulo parece que a lagarta está morta. E, de fato, ela está. Ela não se move, ela está parada: ela é o passado que morre. Para a lagarta, o casulo é um túmulo. Mas algo ali acontece, e para ver esse processo poucos têm os olhos. Pois o que chamamos morte da lagarta, como fim ou término, é apenas o começo do nascer da borboleta. Não é a morte da lagarta que cria o nascer da borboleta. Ao contrário, é o nascer da borboleta que dá à morte da lagarta um outro sentido. O casulo , na verdade, nunca foi um túmulo: ele sempre foi um útero em razão da metamorfose do que  há de nascer. O mundo que a lagarta via   não será o mesmo que a borboleta verá : mudará o mundo porque mudarão, antes, os olhos que o irão ver.


Penso renovar os homens usando borboletas.
Manoel de Barros







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