É comum vermos bolsonaristas dizerem,
com a ignorância cheia de si característica, que eles podem “emitir opinião”
favorável ao fechamento do Supremo, defenderem a volta da ditadura, ofenderem minorias,
divulgarem mentiras difamatórias contra aqueles que eles julgam não serem “pessoas
de bem”... Enfim, eles acham que podem até mesmo defender e querer ensinar às
crianças que “a terra é plana”. Eles alegam , muitas vezes cinicamente, que
cercear tais palavras deles é “censura que fere o direito a ter e emitir
opinião”. Mas eles ignoram, muitas vezes espertamente, que esse direito tem dois aspectos: um primeiro
aspecto meramente formal, e outro aspecto mais importante relativo ao conteúdo. Ou seja,
esse direito tem uma forma e um conteúdo. A forma desse direito diz: “todo
mundo tem o direito de ter e emitir opinião”. Uma forma é sempre vazia, feita
que é de palavras escritas no papel. Essa forma ganha concretude conforme o
conteúdo que se coloca nela. Se alguém quiser valer-se dessa forma para nela
colocar conteúdos fascistas, preconceituosos , mentirosos, delirantes e odiosos
à diferença e à democracia, tais conteúdos
já não são mais apenas opinião , eles são crimes. E, como
tais, precisam ser punidos .
A diferença entre ignorância e
conhecimento vem do conteúdo que se coloca nas palavras , pois é o conteúdo que revela a mentalidade e intenção que estão por trás das
palavras. Enfim, o conteúdo que alguém põe nas palavras diz não apenas
palavras, diz também o conteúdo que
preenche a alma de alguém. Como diz Sêneca, é possível que alguém, para não
parecer arrogante ou presunçoso, esconda
tudo o que sabe quando usa as palavras, porém é impossível ao ignorante, quando
emprega as palavras, esconder sua ignorância. “Ignorância” , aqui, nada tem a
ver com desconhecimento das regras de gramática ou não ter feito estudos
escolares, a ignorância de que fala Sêneca é, sobretudo, a ignorância política.
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