Um dos sentimentos mais horrorosos da
alma humana é o ressentimento. “Re-sentir”: sentir novamente e dar vida a
um sentimento que deveria estar morto e superado. Nietzsche chega a
dizer que o ressentimento é o sentimento que caracteriza o escravo, o escravo
voluntário. Em geral, o ressentimento nasce de expectativas frustradas.
Expectativas que têm por trás frustações acumuladas, quase sempre
culpabilizando o outro. O ressentido sempre culpabiliza exclusivamente o outro
por suas derrotas, fraquezas, infelicidades e até mesmo por suas mediocridades.
Dentro do ressentido vão se acumulando ódios que ele sentiu e que ele alimenta
para sentir de novo. É por isso que todo
ressentido é também um vingativo. Chega um ponto em que a vingança contamina
sua mente e sua visão da realidade, sem falar na questão mais profunda ,
existencial, que explica ser o ressentimento um sintoma de ódio à vida e ódio a
si mesmo. Muitas pretensas religiões nada mais são do que isto: ódio à
vida. E hoje vemos esse ódio à vida se juntar no ódio à política. O fascismo
hoje em curso no Brasil também é isto:
uma união doentia de ressentidos para se
vingarem do conhecimento, da arte, da educação , da cultura , do sexo, do amor,
do planeta, da música, do cinema...Enfim, vingança contra tudo aquilo que expressa liberdade , saúde,
vida. Segundo Espinosa, não se vence o ressentimento com raciocínios apenas; se
vence o ressentimento com um afeto
positivo que afirme a vida com o máximo de potência.
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