O filósofo
Husserl dizia que o pensar teórico , sempre
formal e abstrato, requer a “suspensão das crenças”. Não apenas “crença” no sentido religioso , mas crença até
mesmo enquanto impulso intuitivo do coração. O pensar teórico requer
que nos dispamos de tudo até ficar apenas a nudez da “razão pura”. Já o poeta Coleridge retruca
o filósofo e diz: a poesia requer não a suspensão das crenças, mas das
descrenças. Sobretudo da descrença que nos derrota antes mesmo de começarmos a
luta. Só liga sua vida à poesia quem crê no que a poesia pode.
“Mais importante do que o
pensamento é o que ‘dá a pensar’, mais importante do que o filósofo é o poeta.”
( Deleuze)
“Quem não tem instrumentos de
pensar, inventa.” (Manoel de Barros)
Essa história se encontra em La
Fontaine: Eros, o Amor, entrou em conflito com Atena, a Deusa da Razão. Os
deuses olimpianos tomaram o partido de Atena. Como punição, Eros ficou privado
de ver a Luz do Olimpo, ficando assim cego. Afrodite interveio e pediu a Zeus que
fosse dado a Eros ao menos uma bengala para ele poder caminhar. Zeus disse que
não daria ao Amor uma bengala, e sim um guia: e assim Zeus mandou a Loucura (
“Mania”, em grego) conduzir o Amor a partir do coração. Aqui, “loucura” não tem o sentido de enfermidade mental , mas de uma inspiração transmutadora que guia o
Amor por caminhos não alcançados pela luz da razão.
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