“Moral” não é a mesma coisa que
“Ética”. “Moral” vem do latim “mores”, “costume”. “Ética” procede do grego
“ethos”, que tinha um duplo sentido, e é aqui que reside a
confusão..."Ethos” significava tanto “virtude” ( ou “caráter” ) quanto
“costume”. A diferença entre um sentido e outro era dada pela forma de se
pronunciar o “e” de “ethos”: se aberto , significava “caráter” e “virtude” ; se fechado,
“costume” ( a diferença era assinalada por um determinado sinal sobre a
letra) .“Virtude” vem de “vis”: “força”. Não a força física, mas a força
potencial. Essa palavra aparece no poeta
Homero ao falar da força que nasce da corda tensa do arco: é graças a essa tensão, ou potência, que o
arco pode lançar as flechas longe. “In-tenso”: “ir para dentro da tensão”. É
essa mesma tensão vital que faz as
fibras do coração impulsionarem o sangue que dá vida . Uma alma ética não é uma alma passiva ou cordata. Uma alma
de caráter possui intensidade para lançar suas palavras e ações longe, servindo
de exemplo para vencermos as baixezas que nos ameaçam de perto. Chegam até nós, vivas e como flechas, as palavras de Espinosa , as ideias de Deleuze, a poesia de Manoel, lançadas que foram de um pensar e viver intensamente libertários .
Na Idade Média , traduziu-se “ethos” apenas por “costume”, nascendo assim
a “moral”. Enquanto a virtude-potência é a força da alma/corpo intensos, o costume é um valor sedentário a
serviço de um grupo. E é por isso que a moral
é sempre “conservadora” , e sob a
máscara do “moralismo” muitas vezes se
escondem indivíduos sem um pingo de
caráter, como lobo escondido sob pele de
cordeiro para se aproveitar dos rebanhos.
(as imagens às vezes também são “atos falhos”: na foto de uma "palestra" do Srº Dallagnol, a palavra “ética”
parece ser só uma fachada apagada atrás
da qual há um fundo obscuro)
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