Quando atravessa o oceano o albatroz
é capaz de ficar no céu dias a voar, pois nesse tipo de
travessia ele nunca sabe quando encontrará um lugar para pousar. Voar assim só
ousa quem confia em suas asas. Os
pássaros de asas menores voam apenas nos limites do litoral , no máximo se
aventurando às ilhas próximas já por eles conhecidas. Mas o albatroz precisa de asas gigantes , do
tamanho de sua travessia. As asas do albatroz são tão imensas que, no solo, ele nunca consegue recolhê-las totalmente :
elas foram feitas para explorarem o céu
, não para se acomodarem ao chão
rasteiro. Cientistas descobriram recentemente que o cérebro do albatroz
inventou uma estratégia para realizar sua corajosa “linha de fuga” : enquanto o
albatroz voa sobre o oceano , metade do seu cérebro dorme, ao passo que a outra metade fica em vigília; um olho
sonha, o outro ao horizonte mira. Durante a travessia, a metade do cérebro que
sonhava desperta renovada,
deixando ir sonhar a outra metade que, acordada, ao mundo externo percebia. Porém se engana
quem pensa que é na metade do cérebro que vê a realidade dada que o albatroz se fia, pois
quem se desterritorializa sobre oceanos é na sua parte que sonha que ele se orienta e confia. O albatroz só encontra
pouso quando acha, no meio do oceano, ilhas desertas nunca antes vistas.
“Poesia é voar fora da asa”
(Manoel de Barros)
“Sonhar é acordar-se para dentro”
(Mário Quintana)
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