O mundo atual confunde o mero “diminuir
a distância no espaço ” com o “criar proximidade” com o sentido . Por exemplo, posso pegar o avião e ir ao
Pantanal tirar fotos e as exibir . Isso é diminuir a distância entre seres no espaço. Mas quando Manoel de Barros põe o
Pantanal em seus versos, de qual Pantanal seus poemas nos põem perto? O avião
me leva para dentro do Pantanal físico , porém ele não é capaz de pôr o
Pantanal dentro de mim. A foto registra o Pantanal como objeto imóvel para ser
visto de fora. Já o Pantanal poético me aproximo dele nos versos : ele não é um lugar que existe no fim do caminho,
ele é o próprio caminho poético que fazemos criando-o também com nossa mente empoemada pelos versos. Quanto mais próximos
estamos desse Pantanal inventado, mais perto chegamos daquilo que em nós
inventa sentidos para o mundo.
A tecnologia nos impõe o modo de ser
dela, ela nada tem de "neutra": o avião nos leva longe, desde que
entremos em seu estômago. O telescópio diminui a distância entre nós e as estrelas,
desde que façamos nosso seu olho de vidro. O computador nos põe em comunidades
virtuais, desde que nossa mente entre em sua “caixa”. O telescópio da ciência diminui
a distância entre nós e a lua, porém nos afasta de seu mistério, pois a
transforma em mero objeto, coisa. Não nos enganemos, assim somos para o
feicibuqui: objetos mercadológicos com os quais eles ganham rios de dinheiro
diminuindo a distância entre as empresas e nossa vida privada, vendendo-a. Seremos
menos “ objetos comercializáveis” para eles quanto mais nos
colocarmos próximos da vida comum não privada ,
e agir para potencializá-la.
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