"Lhasa" é o nome da cidade sagrada dos budistas
do Tibet. Essa cidade fica bem no alto das montanhas mais altas do nosso
planeta,e é considerada a cidade mais perto do céu . Não é uma "Cidade
Celeste", como a de Santo Agostinho; mas é, entre as cidades terrestres, a mais
próxima do celeste. Talvez, por isso, ouvir Lhasa se parece com uma experiência de "celestamento" .Foi Manoel de Barros que inventou essa palavra-experiência, esse "empoemamento", ao dizer: "Poesia é celestar as coisas do
chão". Aliás, a própria Lhasa tem uma música
chamada "La
Celestina"...
Soon This Space Will
Be Too Small
(Em Breve Este Espaço
Será Muito Pequeno/Lhasa de Sela )
Em breve este espaço será muito pequeno,
e eu vou lá para fora,
para o enorme Iado de fora,
onde o vento selvagem sopra
e as estrelas frias brilham.
Vou colocar o meu pé
na estrada da vida
e ser levada daqui,
para o coração do mundo.
Eu vou ser forte como um navio
e sábia como uma escolha.
E eu vou dizer as três palavras,
isso vai nos salvar a todos
E eu vou dizer as três palavras,
isso vai nos salvar a todos
Em breve este espaço será muito pequeno.
E eu vou rir tanto,
que as paredes vão desmoronar.
Eu vou morrer três vezes
e nascer de novo
em uma pequena caixa
com uma chave de ouro.
E um peixe voador
vai me deixar livre.
Em breve este espaço será muito pequeno...
Todas as minhas veias e ossos
serão queimados a pó.
Você pode jogar-me em
uma panela de ferro preto
e a minha poeira vai dizer
o que o meu corpo não vai.
Em breve este espaço será muito pequeno
E eu vou lá para fora
E eu vou lá para fora
E eu vou lá para fora
A CELESTINA
Minha filha, fique comigo um pouco.
Por que anda arrastando esta miséria?
Espere um momento e te desamarro...
Mas em que bagunça se colocou, menina!
Quão amargos são os feitos que adivinhas!
Quão escura é a volta da sua memória!
E quanto à tua coroa de espinhos...
cai-te bem, mas a pagarás caro...
Com teu olhar de fera ofendida;
com teu curativo, onde não há ferida;
com teus gemidos de mãe sofrida,
espantarás tua última esperança.
Faça do teu punho algo carinhoso;
e do teu adeus um “Oh meu amor!”
E do teu semblante um sorriso;
e da tua fuga um “Já
vou! Já estou chegando!”
Minha filha, que pena me dá ver-te!
Deixando esquecido o teu corpo.
Muito inteligente, pobre boba, a se dedicar
à eterna dissecação de um pecadinho.
Mulher despe-te e fique calma:
a flecha te procura.
E é o homem, no fim, como sangria,
que às vezes dá saúde e às vezes mata...
E é o homem, no fim, como hemorragia,
que às vezes dá saúde e às vezes mata...
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