terça-feira, 10 de julho de 2018

os comparamentos matam a comunhão


“Os comparamentos matam a comunhão” . Esse pensamento de Manoel ilustra  o que Espinosa chama de “perfeição”. Esta  não nasce da comparação entre dois seres, mas da capacidade que tem um ser de realizar uma ação, de acordo com sua maneira de ser. Perfeição não é um “Modelo Ideal” ou “Padrão”  a ser alcançado, do qual alguns estão mais pertos e outros mais longe.  Perfeição é o que  um ser realiza,  acentuando sua singularidade, de acordo com aquilo que ele pode. Na paraolimpíada, por exemplo, faremos uma ideia equivocada da perfeição se compararmos um nadador paraolímpico com um olímpico, tomando este último como modelo para julgar aquele, dado que a ausência de um braço ou perna no primeiro somente é uma “falta” quando o comparamos com o nadador olímpico que os tenha. Porém, nenhuma comparação nos ensina a conhecer a singularidade de algo. Visto nele mesmo, em sua singularidade, o nadador paraolímpico não se explica por algo que lhe falta, mas por aquilo que ele é capaz de fazer. E neste fazer não há falta, há potência como expressão ou comunhão afirmativa da vida. O nadador paraolímpico e o olímpico têm algo em comum: são atletas. Cada um expressa esse comum de acordo com o que pode. E não é apenas com braços e pernas que se nada, antes é preciso a força da mente.
Manoel de Barros também dizia: “Não sou afeito a comparamentos, o poema surge da comunhão”.  Ser incomparável nada tem a ver com ser o primeiro de uma escala que vai do primeiro lugar ao último. Ser incomparável é ser único, fazendo-se único, isto é, exemplo de superação . Não superação dos outros, mas superação de si mesmo.
                                                                                                                                                                  
(imagem: incomparável ágora brincativa)





Nenhum comentário: