quinta-feira, 5 de julho de 2018

a razão, o irracional e a arte


No mito, Teseu representa a racionalidade simbolizada pelo homem como padrão. Teseu  teme o imprevisto  e evita todo caminho que não seja reto. Teseu quer a tudo dominar com régua e compasso . Teseu queria  matar o Minotauro, este híbrido de animal e homem. Teseu sabe que poderia vencer o Minotauro  se o encontrasse em céu aberto, sob a luz do sol da Razão. Mais do que ao Minotauro , Teseu teme o  labirinto onde o Minotauro mora. Pois para entrar no labirinto  Teseu teria que  deixar fora  sua  arma preferida : a lógica. Teseu é a razão falocrática; Minotauro ,  as pulsões do inconsciente.
Então, Teseu pede auxílio a  Ariadne. Em grego, Ariadne significa “aranha”. A teia da aranha é uma espécie de labirinto .Ariadne é uma produtora de labirintos. É por isso que ela o conhece bem, pois conhecer uma coisa é ser capaz de produzi-la, sem ficar apenas a  teorizá-la. Artista, ela conhece como se produz um labirinto, e sabe que para vencer um labirinto é preciso um fio, uma linha. Não uma linha que se traça com  régua, mas uma linha que se desprende de um novelo,  permanecendo  ligada a este, tal como o raio à fonte de luz, os atos ao seu autor, o rio à sua nascente. “Novelo” significa: "novo elo". Um novelo é feitos de elos, de “linhas de fuga”, e não de  linhas retas que começam e terminam em pontos, em egos.É com o fio de Ariadne, fio do afeto,  que Teseu, desperto, entra no labirinto e mata o irracional enquanto este dorme. Porém, Teseu  logo  abandona Ariadne quando consegue lograr seus intentos neuróticos. Ariadne quase morreu... É Dioniso quem resgata Ariadne do próprio labirinto em que ela, triste, se prendeu.



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