Hoje no Brasil se fala muito de “ ser
conservador” como um comportamento oposto ao de “ser criador”, “progressista”. Segundo
Espinosa, porém, há duas maneiras de “ser conservador” . Essas duas formas
podem ser explicadas , de forma simples, a partir do seguinte exemplo:
Seria absurdo querer conservar apenas
a mesa que o carpinteiro produziu, descuidando do próprio carpinteiro e sua
potência criativa de produzir mais mesas, inclusive de produzir mesas
diferentes daquelas que até hoje ele criou.
É no produtor, e não no produto, que
criar e conservar andam juntos: o que se deve conservar é o ato de produzir o
novo, e não apenas o produto pronto desse ato. Os progressistas agem para
conservarem a potência criativa do produtor ( os “direitos sociais”, por
exemplo, existem para essa função) , já
os conservadores-reacionários querem conservar apenas os produtos transformados
em propriedade que o capital comprou explorando o produtor e tirando dele os
direitos.
A prática de conservar o que é criador nos é
ensinada pela própria natureza : a própolis, por exemplo, conserva a vida da colmeia para que esta se proteja das doenças que
querem , de dentro, fragilizá-la ; e, ao mesmo tempo, a própolis é força que
ajuda a colmeia a se manter reinventando-se , perseverando na vida.
Porém criar e conservar se tornam
ideias antagônicas quando se quer colocar o conservar antes do criar, vendo no
criar algo que ameaça uma “Ordem” rígida , paranoica. Um conservar assim é o
que faz o formol: serve para conservar apenas o que já está morto e não se
reinventa mais.
Arte, filosofia, educação são
própolis; protofascismo fundamentalista é formol.
( a “Ética” é o livro-própolis que
Espinosa escreveu)
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