domingo, 10 de dezembro de 2023

A própolis e o formol

 

Hoje no Brasil se fala muito de “ ser conservador” como um comportamento oposto ao de  “ser criador”, “progressista”. Segundo Espinosa, porém, há duas maneiras de “ser conservador” . Essas duas formas podem ser explicadas , de forma simples, a partir do seguinte exemplo:

Seria absurdo querer conservar apenas a mesa que o carpinteiro produziu, descuidando do próprio carpinteiro e sua potência criativa de produzir mais mesas, inclusive de produzir mesas diferentes daquelas que até hoje ele criou.

É no produtor, e não no produto, que criar e conservar andam juntos: o que se deve conservar é o ato de produzir o novo, e não apenas o produto pronto desse ato. Os progressistas agem para conservarem a potência criativa do produtor ( os “direitos sociais”, por exemplo, existem para  essa função) , já os conservadores-reacionários querem conservar apenas os produtos transformados em propriedade que o capital comprou explorando o produtor e tirando dele os direitos.

 A prática de conservar o que é criador nos é ensinada pela própria natureza : a própolis, por exemplo,  conserva a vida da colmeia  para que esta se proteja das doenças que querem , de dentro, fragilizá-la ; e, ao mesmo tempo, a própolis é força que ajuda a colmeia a se manter  reinventando-se ,  perseverando na vida.

Porém criar e conservar se tornam ideias antagônicas quando se quer colocar o conservar antes do criar, vendo no criar algo que ameaça uma “Ordem” rígida , paranoica. Um conservar assim é o que faz o formol: serve para conservar apenas o que já está morto e não se reinventa mais.

Arte, filosofia, educação são própolis; protofascismo fundamentalista é formol.  

 

( a “Ética” é o livro-própolis que Espinosa escreveu)





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