“Museu” e “Música” se originam de “Musa”. Originalmente, “musa”
significa: “conhecimento que vem das
artes”.
Na mitologia , as Musas
são filhas de Zeus , divindade ligada à justiça e à ética, com Mnemósyne, Deusa
da Memória. Zeus uniu-se a Mnemósyne após uma luta vencida por ele contra as
forças da barbárie vinculadas à ignorância em seus variados aspectos. Dessa
união entre a ética e a memória nasceram as Musas, divindades da cultura , da
arte e do patrimônio.
Assim, todo patrimônio
cultural nasce do matrimônio gerador de uma ética da memória, de uma memória da
ética.
A cultura e a arte não
existem apenas para relembrar algo que se deu no passado e passou. A cultura e
a arte existem para nos lembrar que a barbárie
já foi derrotada no passado, para que dessa lembrança nasçam ações no
presente contra as barbáries de agora.
Foi este acontecimento a
origem da educação e da cultura: a luta contra a ignorância, que apenas a razão
sozinha não consegue vencer. Pois não é uma ignorância em relação a não saber
matemática ou “cartilhas”, mas ignorância acerca do que é a justiça, a ética, a
arte, a natureza, enfim, a vida.
Ontem e hoje, as forças
da barbárie sempre ameaçam de destruição a cultura, porém nunca conseguirão
destruir sua ideia geradora, enquanto mantivermos viva em nós ,coletivamente, a
recordação daquilo que nos faz humanos, e não bestas acerebradas.
Segundo o poeta Manoel de
Barros, todo ato criativo é uma “imitagem". A imitagem não é um tornar-se
mera cópia de um Modelo ou Padrão. Ao contrário, a imitagem é a produção de uma
diferença , como nos ensina a pequena menina da foto em sua fabricação
brincativa de um estilo .
Em toda imitagem há uma aprendizagem não
escolar de uma diferença que se afirma compondo-se, em liberdade. O gesto da
menina também é uma forma de interpretação que ela faz da mensagem que lhe
chega por intermédio da escultura.
Em sua imitagem, é a menina, e não a
escultura, a obra de maior arte. Que a pequenina Musa, em sua inocência
brincativa, nos ajude a não esquecer o que precisa ser sempre lembrado: que a vida
é criação , emancipação e arte, e que
isso nos dê forças ante toda e qualquer forma de barbárie.
“Às
vezes começa-se a brincar de pensar,
e eis
que inesperadamente o brinquedo é que começa a brincar conosco.”
(
Clarice Lispector)
"Minha poesia não tem função explicativa,
só brincativa."
(Manoel
de Barros)
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