Os canários que nasceram e permanecem em gaiolas vivem mais a cantar do que os canários que vieram ao mundo livres e vivem a voar .
Os canários que nasceram livres exercem sua liberdade em mais ações do que no mero cantar. Eles cantam também, mas igualmente voam, ciscam a terra, bicam os frutos, enamoram-se, constroem ninhos, criam seus entes e lhes ensinam a voar.
Os canários que nasceram no cativeiro apenas são livres no cantar, um canto do qual se apropria o dono que os mantém no cativeiro. Nesse canto há uma nostalgia do que nunca viveram. Seus cantos não são a expressão sonora de asas que ousam voar horizontes, pois são cantos estéreis de asas atrofiadas. São poetas de gabinete, são filósofos apenas de livros.
Os passarinhos livres seguem a lição que ensinou e viveu Espinosa:
"Quanto mais um corpo é capaz, em comparação com outros, de agir
simultaneamente sobre um número maior de coisas, tanto mais a sua mente é
capaz, em comparação com outras, de perceber, simultaneamente, um número maior
de coisas".
“Poesia é voar fora da asa.”
(Manoel de Barros)
“Quero a palavra que sirva na boca dos
passarinhos.”
(Manoel de Barros)
“Nossos cicerones são aves cantando.”
(Cartola)
( o livro de Manoel é apenas uma sugestão de leitura. Manoel se autodefinia como um “sabiá de terreiro” que morre se colocado em gaiolas...)
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