Uma letra diz mais sozinha ou agenciada à outra, formando uma sílaba? Uma letra diz mais sozinha ou numa sílaba que faz parte de uma palavra? E em qual tipo de palavra as letras agenciadas teriam mais a dizer: na palavra que dissimula ou na palavra autêntica? Na palavra que xinga ou na palavra que canta? Na palavra que sai da boca de um general que grita ordens ou na palavra que nasce da boca de um educador que desperta autonomias?
Se uma letra fosse como o ego de um egoísta, talvez ela imaginasse que é o indivíduo isolado que tem primazia, tal como prega um neoliberal individualista. Porém louca seria a letra que julgasse dizer mais sozinha do que fazendo parte de uma sílaba, na vida de uma palavra, no coração de uma frase , dando existência a um livro. Pois é na imanência de um livro, como parte de seu plural sentido, que uma letra de fato pode ampliar-se e expressar a si mesma naquilo que expressa o livro, desde que o livro não seja apenas letras mortas no papel , mas expressão de um dizer vivo cujo sentido seja aberto às interpretações criativas que lhe acrescentem novas e plurais perspectivas, para assim serem os livros, as aulas, as mentes, os corações e as sociedades democráticas: Obra Aberta.
“Minhas palavras não se ajuntam por sintaxe, mas por afeto.”(Manoel de Barros)
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