domingo, 2 de junho de 2019

os porcos...


O filósofo Leibniz dizia que se a gente prender  uma semente na mão,  com o tempo ela apodrece. Mas se a gente plantar a semente, cuidar e cultivar, dela nascerá uma árvore. Da árvore nascerão incontáveis frutos : dentro de cada um,  uma nova semente. Se a gente plantar essas novas sementes delas nascerão outras árvores, cada uma com inumeráveis frutos, cada um grávido de novas sementes. Naquela primeira semente havia uma floresta inteira, uma floresta-potência, assim como, em uma criança, está a humanidade  inteira. Pois humanidade não é um número estatístico que se conta, mas uma ideia que se cultiva com educação, liberdade e democracia. Para a floresta florescer, é preciso um território, exercício de cuidado e um espaço aberto para a multiplicidade se expandir. O que vale para a semente vale igualmente para uma ideia quando é fértil e viva, e que é a razão de ser da educação: dentro da singular ideia  há outras ideias, infinitas ideias, pois toda ideia autêntica é plural e múltipla, já nos ensinava Espinosa. Quando ela entra em nós e  a gente a compreende, a gente se torna , ao mesmo tempo, a terra onde ela se desabre e a árvore que nasce dela, bem como os frutos   com novas sementes-ideias. Quem descobre tal floresta em si  não aceita viver limitado por cercas. Pensar é aflorar em nós multiplicidades, tornando-se uma. Quem compreende uma ideia, por mais simples que seja, não cabe mais em si: “outra pessoa desabre”(Manoel de Barros).O poder dogmático teme esse processo. Ele teme florestas. Ele quer ter a semente na mão, “manipulada” pelo seu poder. Quando ele a planta, o faz de maneira artificial. E sua semente se torna  tão fraca que, para se manter viva, precisa de veneno que mate as outras vidas diferentes dela . Então, vemos o resultado: o poder derruba as heterogêneas e múltiplas   florestas já nascidas  e cobre a terra com uma planta homogênea, geralmente soja, uma planta "útil"  e passivamente dócil, que vira ou óleo para fazer as engrenagens do Capital girar ou farelo que só aos porcos engorda.





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