sábado, 15 de junho de 2019

justiça não é mera igualdade formal


É comum esse governo e seus simpatizantes dizerem que  são contra as cotas para minorias e a criminalização da homofobia . Eles alegam que se posicionam assim não por preconceito, mas  porque querem um “tratamento igual”,  sem distinção, e que defender as cotas e leis para proteção de minorias seria não tratar com “igualdade” todos os brasileiros. Mas essa afirmação revela  ou uma profunda ignorância acerca do que é a justiça , ou então  um preconceito dissimulado mesmo. Há dois tipos de justiça: a comutativa e a distributiva. A justiça comutativa vale para as relações nascidas de contratos entre os indivíduos. Por exemplo, se  estou alugando uma casa, é justo que eu receba em troca ( “comutar” significa “trocar” ) um valor em dinheiro que seja justo. A justiça comutativa vale para a relação entre coisas: é uma igualdade formal.  Mas existe ainda a justiça distributiva . Ela está na base, por exemplo, do critério para o pagamento de imposto de renda. Se  pobres e ricos pagassem a mesma coisa, tal tratamento “igual” do ponto de vista formal seria uma injustiça quanto ao aspecto concreto ou social. Ricos e pobres são iguais enquanto seres humanos, porém são desiguais quanto à posse de propriedades , renda e oportunidades. A justiça distributiva trata os desiguais com desigualdade para realizar uma igualdade que não é aritmética ( tipo  2 = 2) , mas proporcional. Esse tipo de justiça também é chamada  de “justiça  corretiva”: ela “corrige”  as falhas sociais da justiça comutativa . O Ministério da Justiça existe para  regular a justiça comutativa e , sobretudo, realizar a justiça distributiva.   O Srº Moro , porém, é oriundo da justiça comutativa, ele  nada entende de justiça distributiva. Já o Srº Guedes só pensa no tal  1 trilhão... Ele quer comutar a poupança pública para a privada: o povo entra com o tal 1 trilhão e os bancos entram com nada, e é nada o que o povo receberá em troca de sua vida, trabalho e tempo. Apenas formalmente  os brasileiros são iguais.  Pois  na realidade concreta o que existe é o capitalista e o trabalhador, o latifundiário e o índio, os que têm em excesso e os que nada ou pouco têm. A educação, a saúde , a previdência,  etc, são meios para a realização da justiça distributiva. Quando se quer reduzir tudo à mera justiça comutativa, na verdade se está  coisificando o ser humano e reduzindo tudo a mero lucro a serviço de um comércio da pior espécie.



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