Quem vê a imensa baleia a nadar
imagina que a natureza a fez para tal comportamento desde sempre.Quem vê o
morcego a voar imagina que ele sempre teve asas.Porém, como começou a nadar a
primeira baleia? Se o primeiro nado foi invenção, não havia um nado anterior,
um “Modelo”, para imitar.Talvez esse nado inaugural se assemelhasse mais a um
ousar e arriscar para conquistar um novo meio , afirmando uma força vital que
não aceita derrota antecipada: o primeiro nadar nasceu de não se deixar
afogar.O mesmo se aplica ao voo do morcego: o que hoje é voo sem receio,
primeiro foi salto sem ainda ter asas. E mesmo no voo mais perfeito do morcego
de hoje, ainda existe esse salto ousado como sua causa.O primeiro voar foi
vitória sobre o medo de cair : cada voo de agora também celebra aquela
inaugural vitória . Para os que sufocam neste mundo de agora, que se arroga “o
fim da história”, o devir da vida mostra que a conquista de novo meio não se
faz sem ousar crer nos “inauguramentos”, e fazê-los. Já os “adaptados” ao
“viver acostumado” da época vigente ignoram o “inventar comportamento” que a
vida, para sobrevivermos, quer de nós agora: na invenção de novos meios de
“horizontamentos”, tal como para os morcegos foram as asas; e criação de novos
órgãos exploratórios que achem/inventem novo ar respirável, para o corpo e para
a alma.
"Não é o forte quem se adapta e o fraco quem sucumbe. Ao
contrário, é o fraco que se adapta: o forte ou muda o meio ou sucumbe”.
Nietzsche, Anti-Darwin .
“Poesia é inventar comportamento”, “Poesia pode ser que seja
fazer outro mundo”
Manoel de Barros
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