sábado, 9 de junho de 2018

a lua de manoel e as rosas de cartola


Segundo Heidegger, o mundo atual confunde o “diminuir a distância” com o “criar proximidade”. A tecnologia  diminui as distâncias, sem dúvida. Mas  uma coisa é diminuir a distância entre seres no espaço, outra bem diferente é criar proximidade com o sentido íntimo das coisas. O telescópio diminui a distância entre a lua e meus olhos, isso é fato. Porém, quando  leio Manoel  falando  sobre a lua, o  poeta não põe a lua perto  de mim no espaço, mas  ele a põe  a tal ponto próxima que, empoemando-me,   experimento   seu sentido também  em mim,   no  "devir-lunar" que me torno.
 Quando Cartola diz que “as rosas não falam”, qual o sentido dessas rosas? O que elas  têm que não têm as rosas que pomos em jarros? Um dia estas  murcham, como tudo aquilo  que a arte não salva; porém , nunca morrem as rosas que a canção de Cartola nos põe próximos , a salvo.


Não sou da informática, sou da invencionática”.
Manoel  de Barros

                      






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