Eu pertenço de andar atoamente.
Sei falar a linguagem dos pássaros: é só cantar.
Poesia é voar fora da asa.
Sei falar a linguagem dos pássaros: é só cantar.
Poesia é voar fora da asa.
Manoel de Barros
Nossos cicerones são aves cantando.
Cartola
Os passarinhos que nasceram e vivem
em gaiolas ocupam-se mais a cantar do que os passarinhos que nasceram livres e
vivem a “voar atoamente”.
Os passarinhos que nasceram livres
exercem sua liberdade em múltiplas ações, e não apenas no cantar. Eles também voam, ciscam a terra, bicam os frutos, enamoram-se,
constroem ninhos, criam seus entes e lhes ensinam a voar.
Os passarinhos que nasceram no
cativeiro são livres apenas no cantar. Por isso cantando tentam se libertar, mas seu canto de prisioneiro só lhes faz lembrar a liberdade que nunca viveram.
Passarinhos de cativeiro , se cantam
bem envaidecendo seu dono, até ganham
concursos e títulos; por isso,
mesmo tristes, inflam o peito, e olham com desdém os passarinhos sem dono. Mas
o passarinho-andarilho descobiça
academias e prêmios: "voar fora da asa", atoamente , é o único
poder que desejam.
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