Em
sua apresentação do livro Arranjos para
assobio , Ênio Silveira afirma que a
leitura das poesias de Manoel de Barros é uma “experiência subversiva” : não se lê Manoel
sem que mude em nós alguma coisa, mesmo que não saibamos definir
exatamente isso que em nós muda. Pois este é o sentido original de
sub-versivo: fazer voltar ou verter à
origem, onde era apenas “forma em rascunho”,
tudo o que se enrijeceu em “formas acostumadas”.
O
verso manoelino “verte” a linguagem à sua origem .
Tal origem não é uma “Verdade Imutável e Eterna” , mas a (re)invenção de sentido: verter à “origem
que renova” tanto linguagens como mentalidades, para assim sub-verter, quem
sabe, acomodadas sociedades .
Nem
todo verso é subversivo nesse sentido. O verso de Manoel é .Seu verso nos sub-verte empoemando-nos novamente rascunho. Manoel dá à poesia e ao verso a potência de dizerem
mais do que poesia e verso. E cada um pode achar nesse dizer múltiplo sua
própria voz única, talvez nunca pronunciada - ou então (re)inventá-la como
assobio.
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