Sempre associamos os vírus às
doenças. Na Idade Média se achava que as doenças eram odiosos demônios. Por extensão, os
ignorantes daquela época acabavam por odiar não apenas as doenças, eles odiavam
também o próprio doente, lançando-o à
fogueira... Com o desenvolvimento do conhecimento descobrimos que o vírus age
como age não por ódio a nós, tampouco ele é o enviado de demônios. O vírus age como age porque ele busca a sua saúde
própria. Para o vírus, sua saúde é reproduzir-se e multiplicar-se enquanto ente vivo. E ele faz isso nos usando
como meio. A saúde do vírus é a nossa doença. O que chamamos de doença é a
saúde do vírus vista sob nossa perspectiva. Não foi odiando ou demonizando os
vírus que conseguimos vencê-los, mas sim adquirindo amor ao conhecimento. Pois
o conhecimento é o instrumento da nossa saúde enquanto humanidade civilizada. O
conhecimento nos levou a compreender não somente como o vírus pode nos matar,
mas também como ele vive. Pelo
conhecimento, passamos a conhecer sua maneira de ser e agir. Vencemos os vírus não os matando totalmente, mas os
usando a nosso favor, pois as vacinas são feitas com fragmentos de vírus , para
assim fortalecer nossa capacidade de nos defender. É afirmando a si mesmo,
potencializando-se, que nosso sistema imunológico
vence o vírus, e não simplesmente o
negando ou demonizando . Quando olhamos
a vida de uma perspectiva mais ampla, compreendemos que não existe doença em
si, existe apenas saúde. “Saúde” significa “potência”. O conhecimento é a nossa
saúde maior, dizia o médico-filósofo Espinosa.
Mas acontece algo diferente com
aquilo que é “doentio”. O doentio é uma mentalidade que existe em certo tipo de gente, o doentio não vem de nenhum vírus. O doentio,
sim, é doença: uma doença que põe em risco o próprio conhecimento que nos faz
vencer os vírus. Muitos desses que têm mente doentia até louvam os vírus que
trazem as doenças, pois isso lhes permite pregar suas ideias doentias de que
estamos no fim do mundo e que a doença é um castigo enviado por um Deus
vingativo que nos odeia.
Precisamos fortalecer nossa saúde,
agenciar nas ruas a nossa potência . As
mentes doentias odeiam as vacinas, por isso odeiam a
ciência, o conhecimento, a cultura
e a educação, pois essas coisas também são vacinas que nos protegem das
mentes doentias.
“Mesmo muito doente, jamais fui
doentio. ” (Nietzsche)
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