Ouvimos sempre no noticiário: “políticos
se reúnem no Conselho de Ética”. E o povo, indignado, com razão diz : “até com
a ética eles fazem comércio, comprando e vendendo!” . Porém, a palavra “ética”
está mal-empregada nesse caso. O termo adequado é “deontologia”, que significa:
“conjunto de obrigações” que pauta uma
prática profissional, seja ela qual for. “Ética” vem de “ethos”: “caráter” (
enquanto disposição da alma). O correto então seria dizer: “deontologia
parlamentar”. Qualquer grupo , para manter-se coeso, estabelece obrigações de
conduta para os indivíduos que dele fazem parte. Até mesmo facções criminosas,
nas quais o crime é “profissional” , têm
deontologias, às vezes até mesmo escritas, como se fossem um código! Porém, nada
há de ético nessas facções, incluindo as facções parlamentares ( dos “políticos
profissionais”). Assim, quando um
bandido de uma facção fere as “regras” ( ou “regimento”) , é sempre outro
bandido que vai julgá-lo, e não um homem justo e ético, pois homens éticos não fazem parte de facções. Ou seja, ter o poder de julgar segundo regras até bandidos podem
fazê-lo. O que bandidos nunca podem fazer é agir de forma ética. Há políticos
profissionais, juízes profissionais, bandidos profissionais...mas não há éticos
profissionais, pois ninguém pode ser justo ou honesto por profissão, assim como
ninguém pode ser obrigado a ser livre. Da liberdade não há deontologia , o que
pode haver é ontologia ( como prática do
pensar) e poesia , como bases para a ação livre instituidora de novas regras ,
que nos libertem dessas costumeiras regras
a serviços de facções : “poesia
pode ser que seja fazer outro mundo”(Manoel de Barros).
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