quinta-feira, 29 de junho de 2017

ética

Ouvimos sempre no noticiário: “políticos se reúnem no Conselho de Ética”. E o povo, indignado, com razão diz : “até com a ética eles fazem comércio, comprando e vendendo!” . Porém, a palavra “ética” está mal-empregada nesse caso. O termo adequado é “deontologia”, que significa: “conjunto de obrigações” que pauta  uma prática profissional, seja ela qual for. “Ética” vem de “ethos”: “caráter” ( enquanto disposição da alma). O correto então seria dizer: “deontologia parlamentar”. Qualquer grupo , para manter-se coeso, estabelece obrigações de conduta para os indivíduos que dele fazem parte. Até mesmo facções criminosas, nas quais o crime é “profissional” ,  têm deontologias, às vezes até mesmo escritas, como se fossem um código! Porém, nada há de ético nessas facções, incluindo as facções parlamentares ( dos “políticos profissionais”). Assim,  quando um bandido de uma facção fere as “regras” ( ou “regimento”) , é sempre outro bandido que vai julgá-lo, e não um homem justo e ético, pois homens éticos não fazem parte de facções.  Ou seja, ter o poder  de julgar segundo regras até bandidos podem fazê-lo. O que bandidos nunca podem fazer  é agir de forma ética. Há políticos profissionais, juízes profissionais, bandidos profissionais...mas não há éticos profissionais, pois ninguém pode ser justo ou honesto por profissão, assim como ninguém pode ser obrigado a ser livre. Da liberdade não há deontologia , o que pode haver é ontologia  ( como prática do pensar) e poesia , como bases para a ação livre instituidora de novas regras , que nos libertem dessas costumeiras regras  a serviços de  facções : “poesia pode ser que seja fazer outro mundo”(Manoel de Barros).





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