Vinte e um de setembro, seis e meia da noite. Centro da cidade.A multidão apressada retorna para casa. O trânsito se arrasta, pesado e impaciente. Como todo mundo, estou retornando para minha casa, a pé, no fluxo anônimo da multidão. Não penso em nada determinado, estou entre o futuro e o passado, com os olhos a ir pelo chão.Paro à beira da avenida agitada, preciso atravessá-la. Olho para cima e busco o sinal . Ele está fechado para mim , em vermelho ele me diz "não". Baixo os olhos, fito o outro lado da rua: o ir e vir dos carros me lembra o rio de Heráclito... Volto a subir os olhos, e estranhamente sinto que não apenas eles eu alço, outra coisa em mim sobe com eles. O sinal continua vermelho, porém não me fixo nele. Meus olhos saltam e reparam no que está atrás daquela proibição que me quer parado, obediente, resignado. Vejo então o fundo infinitamente estrelado de uma noite de setembro que se abrindo nos avisa que a primavera em breve vai nascer . Esqueço o trânsito, o guarda e aquela rua asfaltada, olho para o céu e vejo em suas estrelas sinais enfim se abrindo, posso então ascender.
Nenhum comentário:
Postar um comentário