Em toda passagem de ano
comemoramos um ano novo: um ano velho vai, um ano novo vem. Mas o ano
novo não é um começo radical : ele é a continuidade de um mesmo tempo. É por
isso que o ano novo é contado e recebe um número:2025 será um ano novo de um
mesmo tempo que é numerado, então, com um ano a mais. 2025 é um novo ano de um
mesmo tempo, e não um tempo novo.
Entre os gregos o tempo era
vivido de outra maneira. O tempo não era concebido de forma linear e numérica.
Os gregos viviam o tempo como repetição cíclica. Dois eventos determinam o
ciclo do tempo: o nascimento e a morte, a criação e a destruição.
O tempo nasce, cresce e morre,
como tudo o que é vivo. Porém, o tempo renasce, vencendo sua própria
morte. O tempo que renasce é um tempo novo que nada tem a ver com o
que morreu.
Esse tempo novo não é
o desenvolvimento ou continuidade de um tempo antigo. Por
isso nenhuma data ou número pode determinar esse
tempo renascido outro. É no tempo novo, e não no tempo morrido, que
o tempo mostra sua verdadeira face: a de recriar a si mesmo, retirando de si mesmo a
sua aurora.
Quantos tempos novos já
existiram? Impossível numerar... Infinitas vezes já houve um tempo novo. Apesar
disso, sempre haverá tempo novo, a despeito dos homens conservadores do antigo.
É
para criar-se novo que o tempo se destrói como antigo. Repetindo-se,
o tempo sempre retorna, diferente. O tempo não é eterno: eterna é a
repetição através da qual o tempo retorna, novo.
Esse ensinamento do tempo Nietzsche
assim o traduziu: “Só podemos destruir sendo criadores."
Às amigas & amigos, desejo-lhes
que 2025 seja não apenas um ano novo, mas um tempo novo: uma aurora.
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