domingo, 29 de dezembro de 2024

Auroras...

 

Em toda  passagem de ano comemoramos um ano novo: um ano velho  vai, um ano novo vem. Mas o ano novo não é um começo radical : ele é a continuidade de um mesmo tempo. É por isso que o ano novo é contado e recebe um número:2025 será um ano novo de um mesmo tempo que é numerado, então, com um ano a mais. 2025 é um novo ano de um mesmo tempo, e não um tempo novo.

Entre os gregos o tempo era vivido de outra maneira. O tempo não era concebido de forma linear e numérica. Os gregos viviam o tempo como repetição cíclica. Dois eventos determinam o ciclo do tempo: o nascimento e a morte, a criação e a destruição.

O tempo nasce, cresce e morre, como tudo o que é vivo. Porém, o tempo renasce, vencendo sua própria morte.  O tempo que renasce é um tempo novo que nada tem a ver com o que morreu.

Esse tempo novo  não é o desenvolvimento ou continuidade de um tempo antigo. Por isso  nenhuma data ou número pode determinar esse tempo  renascido outro. É no tempo novo, e não no tempo morrido, que o tempo mostra sua verdadeira face: a de  recriar a si mesmo, retirando de si mesmo a sua aurora.

Quantos tempos novos já existiram? Impossível numerar... Infinitas vezes já houve um tempo novo. Apesar disso, sempre haverá tempo novo, a despeito dos homens conservadores do antigo.

É para  criar-se novo que o tempo se destrói como antigo. Repetindo-se, o tempo  sempre retorna, diferente. O tempo não é eterno: eterna é a repetição através da qual o tempo retorna, novo.

Esse ensinamento do tempo Nietzsche assim o traduziu: “Só podemos destruir sendo criadores."

 

Às amigas & amigos, desejo-lhes que 2025 seja não apenas um ano novo, mas um tempo novo: uma aurora.




A aurora/alvorada de Cartola: 





 

Nenhum comentário:

Postar um comentário