Na mitologia , o “fio de
Ariadne” era uma linha que ajudava aqueles que precisavam vencer labirintos,
impossibilidades, sem se perder. “Ariadne”
significa, em grego, “aranha”. Pois
é do ventre de Ariadne que nasce
seu fio libertário e artista. Ariadne também é o símbolo inesgotável da
vida : ventre absoluto, o fio que sai
dela é para fazer linhas de fuga. Alguns bordam quadros com tal fio, outros
compõem música; há ainda os que fazem versos com esse fio, enquanto outros tecem filosofias. O fio se desprende de um
novelo. “Novelo” significa: “novo elo”. O ventre de Ariadne é a pura potência
para gerar novos elos . Ao contrário das linhas retas que nascem e morrem de
pontos, o fio de Ariadne, fio do afeto,
nasce de um novelo , como o rio que brota de sua fonte, ou como o raio de luz
que se desprende do sol.
O poder autoritário pode até tentar
cortar o fio, ou com ele fabricar uniformes para tudo vestir homogêneo. Mas
enquanto houver o existir não
resignado, o fio cortado pode ainda ser achado e de novo puxado para com ele se
bordar arte e resistência. Quando a
gente dá as mãos para defender a
democracia, a pluralidade e a liberdade , nós mesmos nos tornamos elos de um fio de Ariadne puxado
do novelo da vida não conformista.
O fio de Ariadne se opõe ao fio das
rígidas e autoritárias Moiras, as divindades que teciam o destino. Embora não
fosse de ferro, o fio das Moiras era férreo: ninguém podia escapar do destino
que elas traçavam, às vezes parecendo
"camisas de força". O fio de Ariadne, ao contrário, nasce de
um novelo inesgotável e serve para se reinventar destinos.
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