Certa vez as Fúrias, deusas do ódio e
da vingança, queriam dominar o mundo, e viam no poeta Orfeu um obstáculo , pois
o cantar de Orfeu despertava nas pessoas as ideias de beleza, dignidade e amor à vida. As Fúrias ordenaram que Orfeu se calasse, porém o poeta
não obedeceu. Então, elas despedaçaram o poeta, começando por lhe cortarem a
cabeça separando-a do corpo. Mas a cabeça do poeta continuou a cantar, e cantava ainda mais forte, com seu
canto indo mais longe , pois a voz do poeta uniu-se à
liberdade e fez dela o seu corpo
:sua voz agora não era só dele, era de
todos que não se calam.
“A literatura é o esforço para
interpretar engenhosamente os mitos que não mais se compreende, por não
sabermos mais sonhá-los ou produzi-los.”(Deleuze)
( parte do que escrevi interpreta uma
passagem deste livro , um dos melhores
sobre mitologia. A ideia de “criança divina” não tem conotação religiosa, mas
puramente poética , como diz Manoel de
Barros: "A liberdade e a poesia a gente aprende com as crianças”)
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