Às vezes, os simpatizantes do “coiso” o chamam de
"mito". De certo modo, eles não estão errados. Pois mitos não são
apenas Zeus, Hermes, Afrodite, Eros, Dioniso e outros. Também são mitos , por
exemplo, os "Ciclopes" , que eram seres de um olho só na testa
simbolizando “estreiteza de visão”. Os Ciclopes eram inimigos de Zeus, o deus
da ética e da justiça, e de Eros, o deus do amor. Os Ciclopes, segundo Jung,
simbolizam o que de besta bárbara ainda vive no homem, como sombra persistente
mesmo hoje nesse mundo tecnológico, pois o Coiso-Ciclope também usa a
tecnologia a serviço de sua visão estreita. Outro mito que parece simbolizar o
“coiso” são as “Eríneas”, deusas do ódio e da vingança. Foram elas que
despedaçaram “Orfeu”, o poeta que cantava a vida e a arte. Elas o despedaçaram
pelo seguinte motivo: quando Eurídice morreu, o poeta Orfeu parou de cantar. Para os gregos, “Eurídice” também é um dos nomes da alma, assim como “Psiquê” e
“Pneuma”. Então, as Eríneas queriam que Orfeu esquecesse a alma e servisse a
elas, cantando assim a guerra , o ódio e a vingança, para ajudá-las a espalhar
tais coisas pelo mundo. Como Orfeu se recusou a usar sua arte para servir a tal
barbárie, as Eríneas o despedaçaram. Mas isso não fez morrer o poeta, pois seu
filho de nome “Museu”, poeta como o pai, recolheu os pedaços que Orfeu se
tornou e os reuniu novamente, fazendo surgir assim a primeira exposição do
mundo, na qual não apenas Orfeu, como também Eurídice, a arte, a poesia, a
cultura, enfim, a civilização estariam conservados e expostos como prova de que
o Coiso-Eríneas não venceram definitivamente a arte, a poesia e a vida.
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