Quando em uma aula o protagonista não é a fala e a escuta,
ou seja, professor e aluno, mas a imagem
projetada por tecnologia última, em tal aula não há silêncio, pois a imagem
projetada nunca fica muda, apesar de não ser palavra. A imagem projetada na
parede não deixa vazio, pois o vazio dela seria apagar-se, mostrando a parede
que lhe serve de suporte (a parede é um
muro sem profundidade e horizonte).
A imagem tecnológica não deixa o vazio acontecer. Ela está sempre a
falar e falar. Ela fala não exatamente sobre o que ela mostra, ela fala
sobre como ela é mostrada, pela máquina
e não pelo homem, como se nisso estivesse sua modernidade, como se nisso
residisse o critério para uma aula boa e interessante.
Somente na palavra falada pode haver silêncio. Silêncio não
como ausência de fala, mas como tempo para se pensar no que se disse e ouviu, tempo para o pensamento respirar, ele que é sopro, spiritus, pneuma.
Nada contra as imagens que se refletem na parede (embora
esse seja o princípio da “Caverna de Platão”...). Porém prefiro as imagens que
se formam na mente e que se exteriorizam nas palavras, sobretudo quando as
acompanha a música da voz singular de cada um.
Tais imagens que vêm da imanência do pensar , e expressam
sua atividade viva, são fluxos que nascem de muitas fontes: o inconsciente
coletivo ou cósmico, os livros que se leu, as aulas que se ouviu, as músicas
que se escutou, os filmes que se assistiu, os poemas que se leu, enfim, os
acontecimentos que se experimentou e viveu.
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