domingo, 15 de outubro de 2017

- dia do mestre

Quando em uma aula o protagonista não é a fala e a escuta, ou seja, professor e aluno,  mas a imagem projetada por tecnologia última, em tal aula não há silêncio, pois a imagem projetada nunca fica muda, apesar de não ser palavra. A imagem projetada na parede não deixa vazio, pois o vazio dela seria apagar-se, mostrando a parede que lhe serve de suporte (a parede é  um muro sem profundidade e horizonte).
A imagem tecnológica  não deixa o vazio acontecer. Ela está sempre a falar e falar. Ela fala não exatamente sobre o que ela mostra, ela fala sobre  como ela é mostrada, pela máquina e não pelo homem, como se nisso estivesse sua modernidade, como se nisso residisse o critério para uma aula boa e interessante.
Somente na palavra falada pode haver silêncio. Silêncio não como ausência de fala, mas como tempo para se pensar no que se disse e ouviu,  tempo para o pensamento respirar, ele que é sopro, spiritus, pneuma.
Nada contra as imagens que se refletem na parede (embora esse seja o princípio da “Caverna de Platão”...). Porém prefiro as imagens que se formam na mente e que se exteriorizam nas palavras, sobretudo quando as acompanha a música da voz singular de cada um.

Tais imagens que vêm da imanência do pensar , e expressam sua atividade viva, são fluxos que nascem de muitas fontes: o inconsciente coletivo ou cósmico, os livros que se leu, as aulas que se ouviu, as músicas que se escutou, os filmes que se assistiu, os poemas que se leu, enfim, os acontecimentos que se experimentou e viveu.



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