O maior sábio da Grécia não foi
Sócrates. O maior sábio foi Tirésias. E assim aconteceu: atrás da casa de
Tirésias passava um rio. Do rio vinha a água que ele bebia e o alimento que ele
pescava. Até que um dia Tirésias se fez uma pergunta: “De onde vem esse rio?
Onde fica seu minadouro?”. Tirésias resolveu então ir contra a corrente no esforço para achar a
nascente. Somente indo contra a
corrente se pode achar nascentes, de rio ou de ideias . A fonte
nunca vive no “acostumado” , no “mesmal”. Não demorou para alcançar partes onde o rio, embora o mesmo, já não lhe
era conhecido : viu em suas margens flores que nunca tinha visto, ouviu
passarinhos dos quais não sabia o nome. Enquanto
prosseguia, não via trilhas ou pegadas. Hesitou, quase abortando sua “linha de
fuga”. Até que ele olhou à frente e viu alguém a se banhar. Era Atena, a deusa
da sabedoria. Ela estava nua... A sabedoria precisa às vezes se banhar para reinventar-se nova. Nas academias e
bibliotecas , a sabedoria se veste de
livros e teorias. Ela nunca se mostra nua nesses lugares. Quem a conhece apenas
assim vestida pode até se tornar
um teórico ou cientista, mas nunca será um pensador ou poeta. Tirésias então percebeu
que ao se despir das teorias é como poesia que a sabedoria então se mostra. A
autêntica sabedoria é fonte que renova a si mesma , para que em nós
não seque a vida.
“A palavra abriu o roupão para mim:
ela quer que eu a seja.” (Manoel de Barros)
Nenhum comentário:
Postar um comentário